O juiz federal Sérgio Moro disse nesta segunda-feira (1º) que não há cerceamento da defesa da jornalista Cláudia Cruz, que foi denunciada pelo Ministério Público Federal (MPF), no âmbito da Operação Lava Jato.
Em um despacho no processo que ela responde, Moro rebateu os argumentos dos advogados da jornalista, que alegavam, entre outras coisas, que não tinham acesso completo às provas e depoimentos que a incriminariam.Além disso, os advogados também solicitaram que o juiz desconsiderasse as provas obtidas pelo MPF junto às autoridades da Suíça, onde Eduardo Cunha é investigado por fraudes fiscais. Foi com base nesses documentos que os procuradores brasileiros apresentaram a denúncia contra Cláudia Cruz.
Segundo o MPF, a jornalista foi favorecida, por meio de contas na Suíça, de parte de valores de uma propina de cerca de US$ 1,5 milhão recebida pelo marido. Os procuradores dizem que ela cometeu os crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Além dela, outras três pessoas também foram denúnciadas.
De acordo com o Moro, os advogados de Cláudia Cruz afirmaram que a coleta das provas feitas pelas autoridades suiças não corresponde às práticas de investigação adotadas pela legislação brasileira. Eles dizem que haveria nulidade nas provas. Eles dizem ainda que o MPF não protocolou a íntegra das apurações suíças e que isso seria necessário para garantir a ampla defesa da jornalista.
Os advogados ainda pediram que Cláudia Cruz fosse absolvida sumariamente, ou seja, solicitaram que o processo fosse encerrado. O juiz, porém, considerou que não cabia a absolvição e negou o pedido.
Instrução
Por não ter encerrado o processo, Moro aproveitou o mesmo despacho para marcar as primeiras audiências, com depoimentos das testemunhas de acusação. As oitivas devem acontecer a partir do dia 26 de agosto, conforme o magistrado.
Depois das testemunhas de acusação, será a vez das testemunhas de defesa. No caso de Cláudia Cruz, foram arroladas 23 pessoas. Entre elas, estão oito deputados federais e nove pessoas que moram no exterior. O magistrado deu prazo de cinco dias para que os advogados da jornalista esclareçam a importância das testemunhas.
Encerrados esses depoimentos, os quatro réus serão ouvidos por Sérgio Moro. Eles poderão falar ou permanecer em silêncio. Após a oitiva dos réus, será aberto prazo para as alegações finais, do MPF e das defesas. Em seguida, o processo voltará às mãos de Moro para que ele defina a sentença, na qual poderá condenar ou absolver os réus.