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Moraes pede que Cláudio Castro envie relatório sobre megaoperação no Rio

A decisão faz parte da ADPF das Favelas, ação que trata das regras para operações policiais em comunidades do estado.

Claúdio Castro e Alexandre de Moraes | Foto: Reprodução
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (29) que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), envie ao tribunal um relatório completo sobre a megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio, que deixou mais de 100 mortos na terça-feira (28).

A decisão faz parte da ADPF das Favelas, ação que trata das regras para operações policiais em comunidades do estado. O ministro pediu que as informações sejam apresentadas durante audiência marcada para 3 de novembro.

Informações solicitadas ao governo do Rio

No despacho, Moraes pediu que o governo envie dados detalhados sobre a ação, incluindo:

  • o número de mortos, feridos e detidos;

  • o quantitativo de agentes e os armamentos usados;

  • medidas tomadas para evitar abusos e garantir a preservação de provas;

  • registro em câmeras corporais e viaturas;

  • ações de apoio às vítimas e famílias, como presença de ambulâncias;

  • e comprovação do planejamento e justificativa para o uso da força.

O ministro também solicitou que sejam informadas eventuais providências da perícia, comunicação ao Ministério Público e acompanhamento das corregedorias das polícias Civil e Militar.

Pedido do Conselho de Direitos Humanos

A decisão de Moraes atendeu a um pedido do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), que solicitou ao STF que o governo estadual explicasse o planejamento e a execução da operação. O conselho é formado por representantes do governo federal, da sociedade civil, da OAB, da Defensoria Pública e do Ministério Público.

O Ministério Público Federal (MPF) também cobrou explicações do governo do Rio. Em nota, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão demonstrou preocupação com a alta letalidade da operação e com possíveis violações de direitos humanos.

O que é a ADPF das Favelas

A ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) é um tipo de ação que chega ao STF para evitar ou corrigir violações à Constituição. No caso da ADPF das Favelas, o Supremo definiu regras para operações policiais em comunidades do Rio, com o objetivo de reduzir mortes e garantir transparência.

As normas determinam, por exemplo:

  • que os locais de operação sejam preservados para perícia;

  • que o Ministério Público seja informado imediatamente;

  • que todas as mortes em ações policiais tenham autópsia obrigatória;

  • e que as corregedorias concluam investigações em até 60 dias.

O tribunal também determinou que o governo estadual disponibilize dados públicos sobre mortes em confrontos e comprove o uso de câmeras corporais e nas viaturas em todas as operações.

Novas diretrizes e investigações

O STF ainda determinou que a Polícia Federal abra uma investigação específica sobre a atuação de organizações criminosas no Rio e possíveis ligações com agentes públicos.

Além disso, o governo estadual deverá elaborar um plano de retomada de territórios dominados por facções, com cronograma e financiamento por meio de recursos federais, estaduais e municipais.

A operação da última terça-feira foi considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro. Segundo o governo, a ação tinha como alvo líderes da facção Comando Vermelho e envolveu cerca de 2.500 agentes das polícias Civil e Militar.

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