O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes deu o prazo de 48 horas para que o ex-presidente Jair Bolsonaro explique o motivo de sua estadia de dois dias na embaixada do Hungria, em Brasília, dois dias após ter o seu passaporte apreendido.
Moraes é relator do inquérito que investiga Bolsonaro, políticos e militares por tentativa de golpe de Estado. No âmbito desse inquérito, no dia 8 de fevereiro de 2024, o ministro determinou a apreensão do passaporte do ex-presidente, para que Bolsonaro não deixasse o país.
Quatro dias após ter seu passaporte apreendido Bolsonaro se hospedou na embaixada da Hungria, permanecendo do dia 12 até o dia 14 de fevereiro. A informação de que Bolsonaro teve uma estadia de dois dias na embaixada foi publicada em reportagem do jornal The New York Times. A publicação revelou imagens das câmeras de segurança.
De acordo com o direito internacional um embaixada é considerada território estrangeiro e por isso, Bolsonaro não poderia ser alcançado por agentes brasileiros dentro da embaixada húngara, em caso de uma nova operação.
O ex-presidente tem proximidade política e ideológica ao primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, político de extrema-direita. Durante seu mandato, Bolsonaro chegou a chamar Orbán de "irmão".
Após a divulgação da estadia na embaixada ser revelada, a defesa de Bolsonaro emitiu comunicado à imprensa, afirmando que ele "passou dois dias hospedado na embaixada da Hungria em Brasília para manter contatos com autoridades do país amigo" e que, no período, o ex-presidente "conversou com diversas autoridades húngaras "atualizando os cenários políticos das duas nações".
O próprio ex-presidente Bolsonaro se pronunciou agora à noite, após evento no Centro de São Paulo, ao ser questionado por jornalistas sobre o caso. "Por ventura, dormir na embaixada, conversar com embaixador, tem algum crime nisso?", indagou.