FABIO SERAPIÃO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a tomada de depoimento do senador Marcos do Val (Podemos-ES) pela Polícia Federal.
O depoimento foi solicitado pela PF na investigação aberta para apurar os ataques golpistas ocorridos após o segundo turno das eleições e que desaguaram nas invasões aos prédios do três Poderes em 8 de janeiro.
O senador, em live na madrugada desta quinta-feira (2), disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo a dar um golpe para seguir no Palácio do Planalto. Marcos do Val será chamado para depor na condição de testemunha.
"Conforme amplamente noticiado, o Senador Marcos do Val divulgou em suas redes sociais ter recebido proposta com objetivo de ruptura do Estado Democrático de Direito, circunstância que deve ser esclarecida no contexto mais amplo desta investigação, notadamente no que diz respeito a eventual intenção golpista, o que pode caracterizar os crimes previstos nos arts. 359-M (golpe de Estado) e 359-L (abolição violenta do Estado Democrático de Direito) do Código Penal", diz trecho da decisão de Moraes.
Uma mensagem atribuída ao ex-deputado federal Daniel Silveira, preso nesta quinta-feira (2) pela PF por ordem do STF, sugere um plano golpista para gravar o ministro do Supremo Tribunal Federal. A mensagem teria sido enviada ao senador Marcos do Val.
Do Val afirmou à Folha que recebeu a mensagem depois de uma conversa com Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O parlamentar não sabe dizer a data, mas afirma que ocorreu após o resultado das eleições e antes da diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 12 de dezembro.
Na live em que anunciou a renúncia, o senador citou uma reportagem que seria publicada sobre a coação para o golpe.
"Eu ficava puto quando me chamavam de bolsonarista. Vocês me esperem que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de estado junto com ele, só para vocês terem ideia. E é logico que eu denunciei", disse o senador.
O ex-presidente está nos Estados Unidos e não se manifestou até o momento sobre as afirmações do senador.
Nesta semana, ele pediu visto de turista e deve permanecer mais tempo fora do país. Na terça-feira (31), ele afirmou que vai ficar mais tempo no país. "Estou há 30 dias aqui, pretendo ficar por mais algum tempo. Não tenho certeza quanto tempo ainda. Estou com muita saudades do meu país."