Faltando menos de cem dias para a realização da COP30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, o governo federal intensificou as ações em Belém (PA), cidade que sediará o evento em novembro. A movimentação ocorre em meio a questionamentos sobre a estrutura da capital paraense e os preços de hospedagem praticados durante o período da conferência.
A pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), interrompeu sua agenda e esteve em Belém neste fim de semana para acompanhar o andamento das obras e responder às críticas. Durante a visita, Sabino reconheceu que ainda há ajustes a serem feitos, mas afirmou que o governo está “eliminando qualquer argumento” contrário à realização da COP na cidade.
ENTENDA
A cidade enfrenta cobranças de representantes internacionais devido às condições logísticas e aos valores elevados das diárias. Um grupo formado por 27 países chegou a enviar uma carta destacando essas preocupações. Como resposta, o governo federal lançou na sexta-feira (1º) uma plataforma de hospedagem que reúne cerca de 2,7 mil acomodações, entre hotéis, residências e apartamentos particulares.
Sabino informou que novos empreendimentos hoteleiros devem ser entregues nos próximos meses, com um deles previsto para entrar em funcionamento ainda em outubro, durante o Círio de Nazaré. O ministro disse que “ninguém ficará sem quarto” e minimizou os relatos sobre tarifas elevadas. “Você chega em Paris e tem hotel que cobra uma fortuna e é bem ‘chinfrim’, não tem nem banheiro. Isso é exceção”, comentou.
A plataforma oficial do governo oferece diárias a partir de R$ 450. Já grandes redes hoteleiras devem praticar valores entre R$ 1,5 mil e R$ 10 mil, segundo Sabino. Para delegações de países com menor poder aquisitivo, está prevista a oferta de 6 mil leitos em navios de cruzeiro atracados no porto de Belém, com preços mais acessíveis.
O ministro também afirmou que as obras de mobilidade urbana e as melhorias no aeroporto seguem dentro do cronograma. Por outro lado, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, demonstrou preocupação com os aumentos de preços. “O que está acontecendo, como disse o embaixador Corrêa do Lago (presidente da organização da COP30), é um verdadeiro achaque”, declarou durante participação na Flip, em Paraty (RJ). “Não podemos aceitar que os países mais vulneráveis, preocupados com o futuro de suas existências, não possam participar de uma das COPs mais importantes da nossa história”, completou.