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“Minha carreira está acabada”, disse Mauro Cid ao pedir desligamento do Exército

Cid justificou que “não tinha mais o que fazer no Exército” e que sua “carreira já estava acabada”.

Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro | Foto: Ton Molina/STF
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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), decidiu deixar o Exército. A solicitação de desligamento foi enviada no dia 4 de agosto e está em análise por uma comissão antes da decisão final do comandante da Força, general Tomás Paiva. Com informações da CNN.

Segundo pessoas próximas, Cid justificou que "não tinha mais o que fazer no Exército" e que sua "carreira já estava acabada". A expectativa de seus aliados é de que o pedido de afastamento pese de forma positiva na avaliação da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), onde ele tenta manter os benefícios do acordo de colaboração premiada — entre eles, o perdão judicial ou uma pena reduzida.

1º DIA DE JULGAMENTO

Durante sustentação oral no STF, o advogado Jair Alves Pereira, que atua ao lado do criminalista Cézar Bitencourt, confirmou o pedido de desligamento e afirmou que a função de ajudante de ordens “atrapalhou a vida” de Cid. Ele também defendeu a validade da delação, argumentando que o militar se expôs, se distanciou da família e perdeu uma carreira que considerava um sonho.

A colaboração de Cid, no entanto, é contestada por defesas de outros investigados, como Bolsonaro e o general Walter Braga Netto, que apontam contradições nos depoimentos. Os advogados de Cid alegam que a pressão e o desgaste emocional não invalidam o acordo.

Trajetória militar

Filho do general Mauro Lourena Cid, o tenente-coronel tinha carreira promissora no Exército. Formado em Ciências Políticas e Militares, conquistou o primeiro lugar em cursos de especialização de Capitães e do Comando de Estado-Maior, além de destaque em treinamentos no Brasil e no exterior.

Em 2018, foi convidado para ser ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, após recomendação de Tomás Paiva, então chefe de gabinete do comandante do Exército. Na época, abriu mão de cursar o War College, nos Estados Unidos, para assumir a função no Planalto.

Os problemas começaram antes mesmo de sua prisão, em maio de 2023, no inquérito sobre fraudes em cartões de vacina. Em janeiro do mesmo ano, ele havia sido afastado do comando do Batalhão de Ações e Comando, em Goiânia (GO), por decisão de Tomás Paiva, já nomeado comandante do Exército no governo Lula. O objetivo era evitar que alguém tão ligado a Bolsonaro ocupasse posto estratégico após os atos de 8 de janeiro.

Cid permaneceu preso por quatro meses e perdeu a chance de ser promovido a coronel. Ele deixou a prisão em setembro de 2023, quando firmou a colaboração premiada.

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