Cotada para herdar o reduto eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) demonstra uma estratégia de expansão de sua influência para além da base de apoiadores mais fervorosos. Um estudo exclusivo da consultoria Nosotros, divulgado pelo O Globo, revelou conexões significativas nas redes sociais de Michelle, indicando um direcionamento estratégico de seu capital político.
O estudo, conduzido pelos antropólogos Juliano Spyer e Danilo Centurione, sócios da Nosotros, identificou quatro "bolhas" compostas por 55 perfis de alta capilaridade seguidos por Michelle. Essas conexões incluem celebridades, políticos e pastores, indicando um alcance diversificado. Embora a ex-primeira-dama tenha maior apelo em páginas que compartilham valores conservadores, a análise sugere uma postura cautelosa em evitar posicionamentos eleitorais diretos.
Os pesquisadores destacam que a imagem de Michelle está estrategicamente vinculada a temas como família e feminilidade, em contraste com o ambiente político-partidário polarizado. Esse posicionamento a coloca como uma possível ponte entre a mensagem bolsonarista e personalidades que não se identificam diretamente com a política.
O estudo, que analisou as conexões de 56 perfis no Instagram, incluindo o de Michelle e outros 55 perfis com no mínimo 4 milhões de seguidores, revelou uma rede densa de conexões. A ex-primeira-dama mantém ligações não apenas na bolha evangélica, conhecida como "Deus acima de todos", mas também com influenciadores que abordam temas como motivação, prosperidade e preservação da família.
Michelle além da igreja
Juliano Spyer, especialista em meio evangélico, destaca que as conexões de Michelle ultrapassam a bolha ligada às igrejas, evidenciando nuances significativas. O estudo aponta uma forte ligação com influenciadores que, apesar de se posicionarem politicamente de maneira discreta, compartilham afinidades temáticas.
O cientista político Danilo Centurione ressalta o exercício de um "soft power" por parte de Michelle, que se conecta não apenas com a bolha evangélica, mas também com artistas sertanejos e jogadores de futebol. Essa abordagem visa atingir públicos diversos, liderados por figuras que não estão diretamente envolvidas na política, mas que compartilham uma afinidade ideológica com o conservadorismo.
As "bolhas" identificadas pelo estudo incluem "Deus acima de todos" (14 perfis), "Guardiãs da família" (10 perfis), "Guerreiros da bola e da fé" (11 perfis) e "Sonho americano" (20 perfis). Cada uma dessas bolhas representa diferentes segmentos de influenciadores que compõem a teia de conexões da ex-primeira-dama, revelando uma estratégia abrangente para ampliar sua base de apoio.
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