Após a articulação entre Hugo Motta, a presidência da Câmara e o Centrão, a família Bolsonaro acompanhou passo a passo a votação do chamado PL da Dosimetria, aprovado por 291 votos a 148 às 2h26 desta quarta-feira (10). A sessão foi marcada por confusão, com agressões de policiais legislativos a jornalistas, impedidos de trabalhar, e a retirada do deputado Glauber Braga (PSOL-SP) do plenário por meio de um mata-leão.
REAÇÃO DE MICHELLE DURANTE A VOTAÇÃO
Por volta da 1h, Michelle Bolsonaro republicou um storie de Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) anunciando o início da votação do texto, que acabou modificado pelo relator, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), após reunião com Aécio Neves (PSDB-MG) e Michel Temer (MDB).
Às 3h, a ex-primeira-dama celebrou a aprovação compartilhando novo vídeo de Crivella afirmando: "não é o texto que eu sonhava, não é o texto que eu escrevi. Foi aquilo que se conseguiu fazer".
PL ORIGINAL E ANISTIA DEFENDIDA POR CRIVELLA
Na sequência, Crivella declarou que apresentará nesta quarta-feira seu projeto inicial, que prevê não apenas a libertação de Jair Bolsonaro (PL) e de envolvidos na tentativa de golpe, mas também indenização a familiares.
"Agora, amanhã, eu volto a apresentar o projeto da Anistia Ampla Geral e Restrita, inclusive para que essas famílias que perderam seus familiares possam ser indenizadas", afirma no vídeo.
O AFASTAMENTO QUESTIONADO DE MICHELLE DO PL MULHER
Mesmo tendo divulgado nota afirmando que se afastaria da presidência do PL Mulher por questões médicas, Michelle — que continua recebendo mais de R$ 40 mil mensais do fundo partidário — manteve uma agenda política intensa.
Na manhã de terça-feira (9), vestindo preto e aparentemente bem de saúde, ela participou de reunião com senadores, deputados e lideranças regionais do PL. Mais tarde, divulgou outro comunicado, garantindo que retornará ao comando do PL Mulher no dia 16, e classificando como "sensacionalismo" “qualquer informação indutiva ao pensamento de que Michelle Bolsonaro se afastou ou foi afastada da Presidência do PL Mulher”.
Aliados afirmam que o afastamento teve como objetivo apenas evitar sua presença no Encontro Nacional do PL Mulher, marcado para 13 de dezembro, no Rio. O gesto ocorreu após Flávio Bolsonaro ser lançado pelo pai como candidato presidencial.
DISPUTA INTERNA E FRUSTRAÇÃO POLÍTICA
Michelle planejava reunir cerca de 5 mil pessoas no Expo Mega com caravanas de todo o país para lançar sua própria pré-candidatura à Presidência.
Um aliado relatou à jornalista Malu Gaspar, de O Globo, que “Esse seria o grande evento de encerramento do ano da Michelle. O plano dela era chegar a este final de ano ungida candidata". Ele acrescentou que a ex-primeira-dama reagiu mal à decisão de Bolsonaro pai: “porque trabalhou e produziu muito mais do que o Flávio para o partido".
VISITA A BOLSONARO NA PRISÃO E SIMBOLISMO RELIGIOSO
Mesmo em meio à agenda carregada, Michelle visitou Jair Bolsonaro na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Ela levou ao marido o livro A batalha de todas as gerações: um chamado à reconciliação, do pastor JB Carvalho, a quem é ligada.
A obra trata de uma suposta guerra espiritual permanente entre o bem e o mal, ilustrada pela batalha contra os amalequitas, representada por sentimentos como inveja, amargura e ressentimento.