Mensagens encontradas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), mostram que o então presidente mantinha reuniões secretas com a vice-procuradora geral da República, Lindôra Araújo. Segundo publicação do Metrópoles, uma dessas reuniões ocorreu em março de 2021, conforme constam em mensagens encontradas durante investigação da Polícia Federal, o qual o jornal teve acesso.
Segundo o veículo, o ex-presidente tinha o hábito de se encontrar com Lindôra Araújo desde 2020, em reuniões fora da agenda. Atualmente, ela é responsável por acompanhar o inquérito que investiga Cid. Lindôra está no cargo de vice-procuradora-geral da República desde abril de 2022, quando substituiu Humberto Jacques de Medeiros.
“Bolsonaro chegou a prometer, num desses encontros, nomear Lindôra para a PGR, mesmo sendo ela a pessoa designada na época pelo procurador-geral, Augusto Aras, a analisar pedidos de investigação criminal contra o então presidente”, destaca a reportagem.
Favorável ao ex-presidente
Nos últimos anos, Lindôra se manifestou diversas vezes de forma favorável a Jair Bolsonaro, inclusive, com pedidos de anulação de provas obtidas com a quebra do sigilo telemático de Mauro Cid. Em meio à Operação Venire, enquanto relatório da Polícia Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) apontou consentimento do ex-presidente Jair Bolsonaro em relação ao esquema de falsificação de cartões de vacinação, a subprocuradora-geral da República deu um parecer favorável ao ex-presidente. No despacho, ela considerou que Mauro Cid teria agido "à revelia, sem o conhecimento e sem a anuência do ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro".
Em janeiro de 2020, Aras anunciou Lindôra para o cargo de coordenadora da Lava Jato na PGR. Em junho do mesmo ano, segundo o relato de procuradores, Lindôra buscou acesso a procedimentos e bases de dados da força-tarefa “sem prestar informações” sobre a existência de um processo formal no qual o pedido se baseava ou o objetivo pretendido.
Outra polêmica aconteceu em agosto de 2021, quando Lindôra rejeitou dois pedidos para investigar o presidente Jair Bolsonaro por não usar máscara. Na ocasião, a então subprocuradora refutou efetividade do equipamento de proteção individual e disse que Bolsonaro não estava doente.