Com as negociações de fusão com o PSDB fracassadas, o MDB agora busca atrair um dos principais nomes do partido tucano: a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB). O presidente do MDB, Baleia Rossi (MDB-SP), reuniu-se com Lyra há dez dias para discutir a possibilidade de sua filiação ao partido. A governadora, que deve concorrer à reeleição no estado, teria a liderança local do MDB caso aceitasse a proposta. Essa movimentação do MDB é parte de uma estratégia para enfrentar o PSD, de Gilberto Kassab, que também tenta convencer Lyra a se filiar.
influência no nordeste
Com uma gestão bem avaliada, Lyra é vista por aliados de Michel Temer como uma figura importante para atrair mais deputados ao MDB em 2026 e ampliar a influência do partido no Nordeste. No entanto, os principais nomes do MDB na região, como o senador Renan Calheiros (AL), são próximos do governo Lula e frequentemente divergem das estratégias eleitorais propostas pela atual direção do partido.
A tentativa do MDB de atrair Lyra ocorreu paralelamente às discussões sobre uma possível união com o PSDB, seja por fusão ou incorporação, com o objetivo de fortalecer o partido no Congresso. Enquanto isso, os tucanos buscavam uma maneira de evitar a cláusula de barreira, que impõe restrições ao funcionamento de partidos que não atingem um número mínimo de votos nas eleições para a Câmara. Além do MDB, o PSD também participou dessas negociações.
No entanto, após meses de discussões, o presidente do PSDB, Marconi Perillo, anunciou na semana passada que não houve acordo. Segundo ele, os tucanos decidiram se unir a dois partidos menores: Podemos e Solidariedade. O objetivo seria evitar a "extinção" do partido e preservar seu programa político. A avaliação era que, caso optasse por um acordo com o MDB ou o PSD, o PSDB acabaria em uma posição de submissão.
pressa para estruturar sua carreira
Enquanto isso, Lyra tem sinalizado que não pretende esperar a conclusão de um acordo para definir seu futuro político. Em entrevistas, ela afirmou que está com pressa para estruturar sua carreira e admitiu a possibilidade de deixar o PSDB. A governadora tem conversado com aliados sobre os convites recebidos tanto do MDB quanto do PSD. Uma vantagem de se filiar ao MDB seria distanciar o partido da base aliada do prefeito de Recife, João Campos (PSB-PE), com quem Lyra deve disputar o governo do estado em 2026.
O MDB já fez parte do governo de Lyra no início de seu mandato, ocupando cargos no Palácio das Princesas, sede do Executivo estadual. No entanto, desde o ano passado, o partido rompeu a aliança e passou a integrar a gestão de Campos na prefeitura de Recife. Em janeiro, o MDB anunciou que deixaria a base aliada do prefeito e atuaria de forma independente na Assembleia Legislativa.
competição com joão campos
Apesar de manter alianças com alguns emedebistas, como o senador Fernando Dueire, Lyra perdeu influência no partido após as movimentações de Campos. Atualmente, o MDB ocupa a Secretaria de Relações Institucionais de Recife, comandada por Raul Henry, presidente municipal da legenda. No entanto, integrantes do partido afirmam que o cenário político para 2026 pode mudar.
Outro ponto destacado por membros da cúpula do MDB é que Lyra tem se aproximado do governo Lula, enquanto Kassab, com suas críticas ao Planalto, pode afastá-la do PSD. A entrada de Lyra no MDB para a disputa pela reeleição também pode pressionar o PT a se manter neutro na eleição em Pernambuco, já que o presidente Lula é aliado de João Campos, mas também mantém proximidade com líderes do MDB no Nordeste.