Na tarde desta segunda-feira, dia 22, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), está prestando depoimento em relação à entrada de joias não declaradas vindas da Arábia Saudita no Brasil. O depoimento do tenente-coronel Mauro Cid foi agendado para iniciar às 15h30, sendo realizado por videoconferência.
Os investigadores responsáveis pelo caso são da Polícia Federal (PF) em São Paulo e estão ouvindo o militar de dentro da cela em que ele está detido no quartel-general do Exército, em Brasília. Cid está acompanhado de seus dois advogados durante o depoimento, que busca esclarecer os detalhes relacionados à entrada das joias não declaradas no Brasil, vindas da Arábia Saudita.
A oitiva do tenente-coronel Mauro Cid sobre o caso das joias sauditas foi reagendada para esta segunda-feira devido à prisão do coronel na madrugada do dia 3 de maio em relação a outra investigação em andamento. Essa investigação está relacionada a supostas fraudes em cartões de vacinação contra a Covid-19. Portanto, a oitiva foi remarcada para permitir que o tenente-coronel prestasse depoimento sobre o caso das joias após sua prisão em relação à investigação das fraudes nos cartões de vacinação.
O tenente-coronel Mauro Cid já prestou depoimento sobre o caso das joias sauditas em 5 de abril. Durante essa oitiva, ele declarou à Polícia Federal que buscar presentes recebidos pelo então presidente era uma prática "normal" e "corriqueira" no desempenho de suas funções como ajudante de ordens.
Além disso, de acordo com fontes familiarizadas com a investigação, Cid afirmou que o presidente Jair Bolsonaro solicitou a ele para "verificar" a situação das joias, avaliadas em R$ 16,5 milhões, que foram apreendidas na alfândega. Segundo seu relato, o presidente teria sugerido a incorporação dessas joias ao acervo da Presidência. Essas informações foram fornecidas por fontes anônimas ouvidas pela CNN.
Esse primeiro depoimento do coronel Cid durou três horas e é considerado fundamental para o inquérito da PF que investiga a entrada ilegal no Brasil de joias presenteadas pelo governo da Arábia Saudita. Isso porque o militar era o braço direito de Bolsonaro e cumpria suas ordens.
A PF quer saber, nesse inquérito sigiloso, se o então presidente agiu de maneira irregular para tentar reaver o pacote retido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. O militar foi o responsável pelo envio de um ofício à Receita Federal, em 28 de dezembro, determinando a “incorporação de bens apreendidos”. Foi esse o documento apresentado pelo ajudante de ordens da Presidência Jairo Moreira da Silva para um auditor fiscal na alfândega, sem sucesso.