Desde que se licenciou da Câmara dos Deputados em março, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) manteve o funcionamento do gabinete com o uso quase integral da verba destinada às suas atividades parlamentares. Em abril, mesmo longe do Brasil e sem exercer formalmente o mandato, gastou R$ 132,4 mil dos recursos públicos disponíveis para sua estrutura de gabinete – valor próximo ao limite permitido.
Os dados, divulgados pela coluna de Guilherme Amado, do PlatôBR, mostram que o valor superou os gastos de março, mês em que Eduardo atuou por apenas 18 dias antes de se afastar do cargo. Embora tenha deixado de receber salário e cota parlamentar no mês seguinte, o uso da verba de gabinete foi mantido em patamar elevado, revelando a manutenção de atividades administrativas mesmo durante sua ausência.
▶ VIAGEM AOS EUA E TENTATIVA DE INTERFERÊNCIA INTERNACIONAL
O parlamentar está nos Estados Unidos desde março, alegando que buscaria apoio internacional para denunciar supostos abusos por parte do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. À época, Eduardo declarou que seu objetivo era pressionar por “sanções aos violadores de direitos humanos”, numa clara referência ao magistrado do STF.
Na semana passada, o senador americano Marco Rubio disse que o caso está em avaliação pelo governo dos EUA: “Isso está sob análise neste momento, e há uma grande possibilidade de que isso aconteça”, afirmou, sobre uma eventual punição contra Moraes.
▶ STF ABRE INQUÉRITO POR PEDIDO DE SANÇÕES CONTRA MINISTRO
O movimento de Eduardo nos EUA gerou reação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal. O pedido foi aceito nesta segunda-feira (26), e o deputado agora é formalmente investigado por tentar pressionar instâncias do Judiciário com apoio estrangeiro.
Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, “a busca por sanções internacionais a membros do Poder Judiciário visa interferir sobre o andamento regular dos procedimentos de ordem criminal, inclusive ação penal em curso contra o sr. Jair Bolsonaro”.
Em outro trecho, Gonet destacou: “Publicações em redes sociais e declarações a veículos de imprensa mostram que existe um manifesto tom intimidatório para os que atuam como agentes públicos, de investigação e de acusação, bem como para os julgadores na Ação Penal, percebendo-se o propósito de providência imprópria contra o que o sr. Eduardo Bolsonaro parece crer ser uma provável condenação”.
▶ ESCALADA DE ATAQUES E INSINUAÇÃO DE RENÚNCIA
Após a instauração do inquérito, Eduardo Bolsonaro intensificou seus ataques públicos, atingindo o governo Lula, o ministro Moraes, o procurador Paulo Gonet e agentes da Polícia Federal. Em um tom confrontador, passou a criticar diretamente as instituições brasileiras e afirmou que o presidente Lula estaria se opondo aos interesses do Brasil caso tomasse posição a favor de Moraes diante do governo americano.