Mais de 600 brasileiros, incluindo 109 crianças, foram deportados do Reino Unido em três voos organizados pelo governo britânico entre agosto e setembro, segundo o jornal The Guardian. O número é recorde para deportações de uma mesma nacionalidade nesse formato.
Classificadas oficialmente como voluntárias, as deportações ocorrem em meio a uma intensificação das medidas contra migração ilegal. Organizações de defesa dos direitos de imigrantes latino-americanos demonstraram preocupação, especialmente com o alto número de crianças envolvidas.
Os três voos ocorreram em menos de dois meses, mas o Guardian não especificou as cidades brasileiras de destino.
- Em 9 de agosto, 205 pessoas foram deportadas, entre elas 43 crianças;
- Em 23 de agosto, 206 foram deportadas, incluindo 30 crianças;
- Em 27 de setembro, foram 218 deportados, 36 deles crianças.
O The Guardian informou que todas as crianças deportadas faziam parte de famílias, muitas delas matriculadas em escolas e vivendo no Reino Unido por longos períodos. As deportações, classificadas como voluntárias, incluíram pessoas que excederam o prazo de seus vistos. O Ministério do Interior britânico oferece incentivos de até 3.000 libras (cerca de R$ 22 mil) para quem aceita a deportação voluntária.
O QUE DIZ O GOVERNO
Um porta-voz do Ministério do Interior britânico afirmou ao The Guardian que o aumento nas deportações de imigrantes ilegais busca reduzir custos com acomodações, economizando cerca de 4 bilhões de libras em dois anos.
Em abril, o Parlamento aprovou uma lei que permite deportar solicitantes de asilo para Ruanda, mesmo sem vínculo prévio com o país. A medida, defendida pelo ex-primeiro-ministro Rishi Sunak, foi suspensa em junho após liminares do tribunal europeu de direitos humanos.