O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acertou ao implementar medidas que visam intensificar o combate ao crime organizado, especialmente ao tráfico de drogas e às milícias. Sob a perspectiva de políticas públicas, essa iniciativa é considerada uma necessidade imperativa. Além disso, do ponto de vista eleitoral, representa um avanço em uma temática que historicamente esteve sob a influência da ideologia direitista.
No entanto, a abordagem mais incisiva do governo federal na área de segurança não foi consenso dentro do círculo próximo a Lula. Algumas vozes expressaram preocupação de que o Palácio do Planalto pudesse assumir uma responsabilidade que, na visão de parte da população, deveria ser atribuída aos governos estaduais.
Foi o próprio Lula quem instruiu o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA), a viajar para estados confrontados com desafios significativos na segurança. Dino concentrou seus esforços na Bahia, enquanto o secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, direcionou sua atenção para o Rio de Janeiro. A Polícia Federal (PF) intensificou suas operações e já efetuou prisões de milicianos e policiais corruptos na capital fluminense.
Na quarta-feira (1º), o presidente anunciou a mobilização das Forças Armadas por meio da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em cinco estados. Essa decisão só avançou após Dino argumentar que a GLO não precisa ser implementada em todo o estado, algo que Lula inicialmente resistiu. A medida pode ser aplicada de forma segmentada.
De acordo com a GLO que será instituída, os militares atuarão apenas em locais onde a jurisdição é de responsabilidade da União, como portos, aeroportos e fronteiras. No caso da Marinha, a Garantia da Lei e da Ordem tornou-se necessária para permitir sua atuação em solo, não se restringindo apenas às águas.
A implementação da GLO é percebida no governo como uma "demonstração de confiança" de Lula nas Forças Armadas, representando um passo significativo na reaproximação entre ambos após o mandato de Bolsonaro e os eventos de 8 de janeiro.
O sucesso ou fracasso da GLO será avaliado com o tempo, mas a busca por protagonismo na segurança pública, evidenciada, por exemplo, pelo recorde da PF na apreensão de bens e valores de organizações criminosas, proporcionará a Lula uma importante vantagem política em 2026. O adversário do presidente no campo conservador, seja quem for, terá uma forte identificação com o tema, seguindo os exemplos de Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado.
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