Lula e cúpula do PMDB terão reuniões semanais para discutir a aliança em torno de Dilma

Nos planos do Planalto, emplacar o presidente do BC como vice

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula do PMDB acertaram reuniões semanais para negociar a aliança eleitoral em torno da pré-candidata do PT, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Elaborada sob pretexto de resolver impasses regionais entre as duas legendas, a ideia é Lula usar esses encontros para, pouco a pouco, minar a resistência dos peemedebistas ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, como vice na chapa presidencial.

Lula gostaria de ter Meirelles, recém-filiado ao PMDB, na chapa para reforçar a imagem de que não haverá mudanças na política econômica. Mais do que isso, o presidente do Banco Central ? fiador do atual tripé meta de inflação, câmbio flutuante e superavit fiscal ? seria a ponte da campanha com os investidores e daria o recado de que propostas heterodoxas não teriam fôlego caso Dilma fosse vitoriosa.

Aliado ao movimento pró-Meirelles há uma desconfiança de Lula com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), hoje apontado como unanimidade entre os peemedebistas para ser vice da pré-candidata petista (veja ao lado). Oposicionista durante todo o primeiro mandato do petista, Temer é visto como um político próximo ao PSDB ? leia-se: do governador de São Paulo, José Serra, virtual candidato dos tucanos à Presidência da República

O movimento será feito com cautela. Os peemedebistas ameaçam dizendo que, se Lula tentar impor um vice, o acordo será desfeito. Por isso, a estratégia é tentar convencê-los aos poucos de que o perfil do banqueiro Meirelles é melhor do que o do promotor Temer, uma alusão às suas carreiras de origem. Significa que Lula e Dilma não terão pressa para resolver quem será o vice. Ambos trabalharão com o prazo para encontrar a ?solução? em junho. ?Se a Dilma continuar crescendo, o PMDB perde a capacidade de negociar e eles vão ver que não valem o tanto que imaginam?, disse um petista. ?E o Lula tem a habilidade de negociar e acabar, no fim, impondo o que ele quer?, acrescentou.

Blefe

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, elogiou Meirelles como vice, mas ressaltou que a decisão é do PMDB. ?Com certeza é um bom nome, mas não sei se agregaria mais ou não. É difícil dar um palpite. Quem decide é o PMDB?, afirmou o ministro, no Rio de Janeiro. O presidente do Banco Central decidiu deixar o cargo na autoridade monetária para buscar seu lugar na eleição. Ele anunciará a saída dois dias antes do prazo final da desincompatibilização (2 de abril). Na prática, seu último dia à frente da instituição será no próximo dia 22, quando entrará de licença.

Bernardo disse que Meirelles (1) descartou disputar o governo ou o Senado por Goiás. ?Ele não vai concorrer ao governo de Goiás e já me disse que não vai ser candidato ao Senado. Mas pode ser que, eventualmente, saia candidato a alguma coisa?, afirmou o ministro do Planejamento, acrescentando que, pelo menos oficialmente, a intenção de Lula é mantê-lo no Banco Central até 31 de dezembro. O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também enfatizou que a intenção do presidente é que Meirelles não saia do governo. Uma reunião para decidir o futuro político do neo-peemedebista ainda será marcada, segundo Padilha. Ao que tudo indica, não passa do roteiro formal para negar o acerto entre Lula e Meirelles e não azedar as conversas com os peemedebistas.

A reunião de ontem teve a presença de Temer, do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e de Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado. Os peemedebistas aproveitaram para apresentar demandas. O partido cobrou do presidente Lula que não substitua por técnicos os peemedebistas que ocupam ministérios e sairão do governo em abril para se dedicar às eleições. Segundo Jucá, Lula teria assegurado que o partido continuará comandando Agricultura, Defesa, Comunicações, Minas e Energia, Integração Nacional e Saúde.

1 - Inquérito no STF

O presidente do Banco Central emitiu nota ontem para informar que não cometeu irregularidade e viu com serenidade o pedido do Ministério Público para abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal. O MP indiciou Meirelles por crimes contra a ordem tributária. ?O patrimônio formado durante sua vida profissional foi resultado de árduo trabalho, com todos os seus rendimentos e bens declarados aos órgãos competentes, na forma da legislação?, consta da nota divulgada pela assessoria.

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