O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira a ocupação das mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal por parlamentares da oposição, ocorrida no início da semana. Durante evento na capital acreana, ele pediu ao senador Sérgio Petecão (PSD-AC) que não assine o pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Segundo Lula, Moraes tem atuado para garantir a democracia. “Quem deveria sofrer impeachment são deputados e senadores que tentam impedir o funcionamento da Câmara e do Senado. Esses são os verdadeiros traidores da pátria”, afirmou.
A mobilização da oposição começou após Moraes determinar prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado e investigado por obstrução de processo penal. O cenário ganhou repercussão internacional depois que os Estados Unidos anunciaram tarifas de 50% sobre parte das exportações brasileiras. A medida, assinada em 30 de julho pelo presidente Donald Trump, entrou em vigor na quarta-feira (6) e atinge 35,9% das vendas para o mercado norte-americano, cerca de 4% do total exportado pelo Brasil.
Trump justificou a decisão como resposta a políticas brasileiras que, segundo ele, prejudicam empresas de tecnologia dos EUA e como retaliação pelo julgamento de Bolsonaro. Cerca de 700 produtos ficaram fora da taxação.
No evento, Lula disse que o governo vai adotar medidas para proteger setores prejudicados e defendeu a soberania brasileira. O plano de contingência será apresentado até terça-feira (12). “O Brasil não quer ser mais do que ninguém, mas também não aceita ser menos. O presidente dos Estados Unidos precisa respeitar a soberania deste país e do nosso Poder Judiciário”, declarou.
ABERTURAS DE MERCADO
Lula também destacou a abertura de 400 novos mercados para produtos brasileiros nos últimos dois anos e afirmou que vai negociar com a China a compra de US$ 1 bilhão em pés de frango, após a retomada do status de país livre de gripe aviária.
Durante a cerimônia na Cooperacre, foram anunciados investimentos federais no Acre. Entre eles, R$ 870,9 milhões para manutenção e recuperação da BR-364, o que deve gerar mais de 12,5 mil empregos, e R$ 235 milhões para o programa Luz para Todos, que beneficiará 6 mil famílias em áreas remotas.
Na educação, o Instituto Federal do Acre receberá recursos para melhorias e construção de um novo campus em Feijó, com aporte de R$ 25 milhões. Também houve entrega de títulos de propriedade, liberação de créditos rurais e criação de novos assentamentos.
Projetos apoiados pelo Fundo Amazônia somam R$ 33 milhões e incluem ações de acesso à água potável, incentivo à agricultura familiar e fornecimento de alimentos para escolas públicas, com participação de povos indígenas e comunidades tradicionais.