A morte do Papa Francisco, anunciada na manhã desta segunda-feira (21/4), repercutiu imediatamente no Palácio do Planalto. Aos 88 anos, o pontífice faleceu em sua residência oficial, na Casa Santa Marta, no Vaticano, encerrando um pontificado marcado por posicionamentos firmes em defesa da justiça social e dos mais vulneráveis.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou profundo pesar com o falecimento do papa. Em nota oficial, Lula destacou os valores que marcaram o legado do líder católico:
“A humanidade perde hoje uma voz de respeito e acolhimento ao próximo. O Papa Francisco viveu e propagou em seu dia a dia o amor, a tolerância e a solidariedade que são a base dos ensinamentos cristãos.”
ENCONTROS E HOMENAGENS
Lula mencionou as ocasiões em que esteve com Francisco, tanto ao lado da primeira-dama, Janja Lula da Silva, quanto em agendas oficiais. Ele lembrou a afinidade de ideias compartilhadas com o papa em relação à paz, justiça e igualdade:
“Nas vezes em que eu e Janja fomos abençoados com a oportunidade de encontrar o Papa Francisco e sermos recebidos por ele com muito carinho, pudemos compartilhar nossos ideais de paz, igualdade e justiça. Ideais de que o mundo sempre precisou. E sempre precisará.”
Em sinal de respeito, o presidente decretou luto oficial de sete dias em todo o território nacional.
UM PAPA DEPOSITÁRIO DA ESPERANÇA
No comunicado, Lula também destacou a coragem do papa ao criticar modelos econômicos que, segundo ele, alimentam injustiças sociais e ampliam a desigualdade:
“Criticou vigorosamente os modelos econômicos que levaram a humanidade a produzir tantas injustiças. Mostrou que esse mesmo modelo é que gera desigualdade entre países e pessoas. E sempre se colocou ao lado daqueles que mais precisam: os pobres, os refugiados, os jovens, os idosos e as vítimas das guerras e de todas as formas de preconceito.”
Francisco também teve protagonismo ao colocar a crise climática na agenda da Igreja, o que, para Lula, reafirmou seu compromisso com a casa comum — o planeta.
TRAJETÓRIA DE UM LÍDER INOVADOR
Nascido em Buenos Aires em 1936, Jorge Mario Bergoglio era filho de imigrantes italianos. Embora tenha se formado em química, seguiu a vocação religiosa aos 20 anos. Lecionou na Faculdade de São Miguel e concluiu doutorado em teologia na Alemanha.
Em março de 2013, foi escolhido para suceder Bento XVI, tornando-se o primeiro papa vindo da América Latina e adotando o nome Francisco em homenagem ao santo de Assis, símbolo de humildade e entrega.
VÍNCULOS PESSOAIS
Mesmo durante seu período de prisão em 2019, Lula manteve correspondência com o pontífice. Em uma das cartas, Francisco escreveu:
“Quero […] lhe encorajar pedindo para não desanimar e continuar confiando em Deus.”
No ano passado, Lula e Francisco se encontraram durante a cúpula do G7, na Itália, ocasião em que conversaram sobre o combate à fome. Em fevereiro deste ano, enquanto o papa estava hospitalizado com pneumonia, o presidente promoveu uma missa no Palácio da Alvorada em sua intenção.
ÚLTIMA BÊNÇÃO
A última aparição pública de Francisco aconteceu no Domingo de Páscoa, na Praça de São Pedro, diante de milhares de fiéis. Um dia depois, o cardeal Kevin Farrell confirmou o falecimento do pontífice, encerrando um capítulo de profunda transformação na história da Igreja Católica.
“Que Deus conforte os que hoje, em todos os lugares do mundo, sofrem a dor dessa enorme perda. Em sua memória e em homenagem à sua obra, decreto luto de sete dias no Brasil.”, declarou Lula no encerramento da nota.