Lula critica “bisbilhotice” de Barack Obama sobre Dilma e propõe novo organismo multilateral

Em evento sobre democracia e combate à fome, Lula criticou espionagem de Obama

Lula fez declarações em evento sobre democracia e combate à fome | Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas ao governo norte-americano e ao presidente Barack Obama, nesta quarta-feira (11), em São Paulo, ao se referir aos recentes casos de espionagem sobre o governo de Dilma Rousseff e a Petrobras.

"Por acaso pode o Obama ficar bisbilhotando as conversas da Dilma em nome da democracia? Cadê a decisão judicial que permitiu isso?", indagou.

Lula foi um dos palestrantes em evento sobre democracia e combate à fome promovido em um hotel paulistano pela revista "Carta Capital".

Depois que os casos de espionagem vieram à tona, Dilma deixou em aberto a possibilidade de viajar, em 23 de outubro, para os Estados Unidos, onde se encontraria com Obama.

Hoje, ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, conversa com a conselheira de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice, em Washington.

O chanceler foi pessoalmente cobrar as explicações prometidas por Obama à Dilma sobre as denúncias de espionagem.

Além das críticas à espionagem norte-americana, Lula sugeriu que seja criada uma espécie de "governança global", na qual países de todos os continentes, tais como Brasil e México, na América Latina, e Nigéria, Egito e Africa do Sul, na África, possam participar e tomar decisões.

A medida, defendeu, seria uma estratégia para combater o que Lula considera como o "domínio" dos Estados Unidos e a aparente inércia de organismos como a ONU (Organização das Nações Unidos) diante de conflitos graves entre nações.

"Que possamos colocar o Obama, a Dilma ou qualquer outro governante em igualdade de condições para a tomada de decisões. A mesma ONU que criou o Estado de Israel [em 1948], por que não criou também um Estado palestino?", questionou, sob aplausos.

Para o petista, "o mundo não pode ser vítima da decisão de um único país. Vai saber se não estão ouvindo também o que é dito nessa sala agora", disse em tom de brincadeira.

Guerra e economia

As críticas de Lula ao governo dos Estados Unidos abordaram também questões relacionadas à Síria e à economia. O ex-presidente sugeriu que a autoria do uso de armas químicas na Síria, por exemplo, ainda não foi definida. "Fiquei horrorizado com as imagens daquelas crianças atingidas. Mas quem disse quem fez aquilo?", conclui.

Para os Estados Unidos, o autor dos ataques é o governo do presidente sírio Bashar Al-Assad, que por sua vez culpa os grupos rebeldes. "Qual foro decidiu que os Estados Unidos tinham que invadir o Iraque [em 2003]? Onde estava a arma química que os iraquianos teriam usado? Até hoje eu não sei, e o governo americano gastou trilhões de dólares nesta guerra".

Sobre a "intromissão" americana na economia mundial --referência de Lula às últimas altas do dólar que vêm influenciando o mercado brasileiro--, o ex-presidente citou o ministro da Fazenda de Dilma ("coitado do Guido Mantega"), e novamente lembrou que "os americanos inventaram o dólar", e foram os responsáveis pela substituição do ouro pela nova moeda internacional.

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