Trechos do livro “Diários da Presidência”, escrito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, divulgados pela revista Piauí nesta segunda-feira, revelam episódios de sua experiência como chefe do Executivo.
Entre os muitos registros de FHC está a recusa do pedido feito pelo deputado Francisco Dornelles para que Eduardo Cunha (PMDB), na época deputado federal e hoje presidente da Câmara, fosse nomeado diretor comercial da Petrobras. O relato é de 1996.
“Eles (deputados) querem nomear o Eduardo Cunha diretor comercial da Petrobras! Imagina! O Eduardo Cunha foi presidente da Telerj, nós o tiramos de lá no tempo de Itamar (Franco, ex-presidente da República) porque ele tinha trapalhadas, ele veio da época do Collor. Enfim, não cedemos à nomeação”.
Fernando Henrique fez todo os registros com um pequeno gravador, fazendo os relatos em voz alta. O que foi gravado, quase 90 horas, resultou na publicação de quatro mil páginas. Trechos inéditos do livro, com narrativas entre novembro de 1995 a abril de 1996, estão publicados na revista Piauí, na edição deste mês.A obra de FH terá quatro volumes.
No fim do mês será lançado o primeiro livro. Na narrativa, Fernando Henrique detalha as negociações para incluir o extinto PPB de Francisco Dornelles, Paulo Maluf (SP) e Esperidião Amin (SC) no governo. “Parece que o PPB não aceita o Ministério da Reforma Agrária sem o Incra. Luiz Carlos (Santos, líder do governo na Câmara) sugeriu que ampliássemos a oferta e incluíssemos o Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo. Isso para mim é dolorido, por causa da Dorothea (Werneck, ministra), que é uma ministra de quem eu gosto, e ela tinha que ser avisada dessa manobra”. “Enfim, começo a sentir o travo amargo do poder, no seu aspecto mais podre de toma lá, dá cá”.
CUNHA DIZ QUE NÃO SABIA DE PEDIDO PARA ASSUMIR PETROBRAS
No Twitter, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse nesta segunda-feira que se houve algum pedido para que assumisse a diretoria da Petrobras, no governo de FHC, não tinha ' conhecimento'.Cunha afirma que se recorda apenas de um movimento de deputados para que assumisse a Telerj. Mesmo assim, justifica que "não queria trabalhar para o governo"Se houve algum movimento feito, foi sem meu conhecimento até porque não teria lógica pela experiência minha em telecomunicações", escreveu no microblog.