O jurista Walter Fanganiello Maierovitch classifica a nova denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer (PMDB) como "muito mais forte do que a anterior" --ligada a suspeitas de crimes de corrupção , esta primeira foi barrada pela Câmara dos Deputados e não será julgada até o final de 2018.
Nesta quinta-feira (14), Temer e outros seis peemedebistas foram acusados pelo crime de organização criminosa. O presidente da República e dois executivos da JBS também estão sob suspeita de obstrução da Justiça. Todos negam terem cometido alguma ilegalidade.
'Dá para dizer que [a acusação] é muito mais forte que a anterior. Uma organização criminosa é transnacional quando também atua fora das fronteiras brasileiras. Vai lavar dinheiro na Suíça, tentar fazer offshore, esse tipo de coisa', disse.
"Isso é extremamente grave, mais grave que a atuação do PCC, que só chega até as fronteiras. Estamos falando de um patamar de máfia, de terrorismo", continuou o jurista, ressaltando que os tipos de crimes praticados são diferentes. "Alguns desses grupos se organizam para matar, traficar drogas, controlar território. Outra coisa é uma organização criminosa de políticos, apelidada de 'quadrilhão do PMDB", afirmou.
Ele também destaca que o momento é mais delicado para Temer, considerando que nesta semana o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso autorizou abertura de novo inquérito contra o peemedebista. O procedimento vai apurar suspeita de que o presidente teria atuado, durante o mandato, para beneficiar empresa que atua no porto de Santos, litoral de São Paulo. Foi homologada também a delação do corretor Lúcio Funaro, que acusou Temer de atuar no núcleo político do chamado "quadrilhão do PMDB". Temer diz que a denúncia é "recheada de absurdos".
Apesar do momento delicado e da acusação forte, Maierovitch prevê que Michel Temer completará seu mandato sem ser julgado, pela demora de um processo desse tipo.