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Juiz cassa vereador que teria sido bancado pelo CV; eleitores eram ameaçados de consequências severas

Ministério Público revelou que presos coagiam eleitores e campanhas eram bancadas com dinheiro da “taxa de segurança”.

Vereador foi cassado por suposto elo com o Comando Vermelho. | Foto: Reprodução
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O vereador Ary da Costa Campos (PT), de Rondonópolis, teve seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral nesta terça-feira (13). A decisão, proferida pelo juiz Francisco Rogério Barros, da 10ª zona eleitoral, aponta envolvimento de Ary com o Comando Vermelho durante a campanha de 2024. O suplente Wendell Girotto (PT) deve assumir o cargo.

APOIO CRIMINOSO

De acordo com a denúncia do Ministério Público Eleitoral (MPE), o parlamentar contou com o suporte direto de presos ligados ao Comando Vermelho, encarcerados na Penitenciária da Mata Grande. As investigações revelaram que os detentos obrigavam outros integrantes da facção a conquistar eleitores para Ary, sob risco de retaliações severas caso não cumprissem a ordem.

Também se apurou que a escolha do nome do candidato Ary Campos foi uma decisão coletiva dos membros da facção criminosa de inseri-lo na política, a fim de conciliar os interesses da organização. Relata que as reuniões de campanha do candidato Ary Campos foram financiadas com dinheiro de lojistas que pagam a "taxa de segurança" à organização criminosa”, apontou o MPE na denúncia formalizada.

DECISÃO JUDICIAL

Para o juiz, a conduta do parlamentar ultrapassa os limites legais e éticos, configurando grave ameaça à democracia.

Uma vez que temos um representante político que se aliou a uma organização criminosa para se eleger, o que, certamente, é inadmissível. A influência das organizações criminosas na política é totalmente negativa, uma vez que ofusca a democracia, além de gerar insegurança jurídica”, avaliou o magistrado na sentença.

Segundo ele, a atuação do Comando Vermelho comprometeu a lisura do pleito municipal. “O apoio prestado pela organização criminosa Comando Vermelho à candidatura de Ary Campos afetou o equilíbrio entre os candidatos e maculou a normalidade da disputa eleitoral. Isso porque a coação dos integrantes do Comando Vermelho para angariar votos, a intimidação dos eleitores indicados, o uso da estrutura organizada e criminosa para obter recursos financeiros, impactaram a liberdade do voto, causando desequilíbrio na disputa eleitoral ao cargo de vereador nas eleições de 2024”, afirmou.

Além da perda do mandato, o vereador foi condenado por abuso de poder econômico e compra de votos, perdendo os direitos políticos por 8 anos e sendo multado em 10 mil Ufir.

INVESTIGAÇÃO ANTERIOR

Durante o período eleitoral, Ary Campos já estava na mira das autoridades. Ele foi um dos alvos da Operação Infiltrados, deflagrada em setembro pela Polícia Civil, que investigava o uso de recursos do Comando Vermelho para financiar sua candidatura.

Mesmo sob suspeita, o vereador manteve a campanha ativa e tentou minimizar as denúncias.Estamos na luta e muito próximo do objetivo que é a nossa vitória, o nosso mandato para 2025. A quem pergunta se eu terei algum problema para assumir, para tomar posse, afirmo com certeza para vocês que não teremos problema nenhum, pois temos a ficha limpa, somos inocentes e iremos provar a nossa inocência junto à Justiça, declarou Ary em vídeo publicado nas redes sociais na época.

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