Jovens falam o que pensam sobre o momento político do Brasil

Preocupação com corrupção é recorrente na avaliações de adolescentes. No Brasil, número de jovens votantes caiu mais de 30%, segundo o TSE.

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Faltando pouco menos de uma semana para as eleições, o portal G1 foi ouvir estudantes na faixa etária entre 17 e 18 anos, com ou sem título de eleitor. O objetivo é saber o que pensam sobre o momento político do país e qual o entendimento eles têm sobre o processo eleitoral. De acordo com os resultados, as opiniões são diversas. A corrupção foi apontada como o ponto em comum entre os discursos. "As pessoas são corruptas, mas elas pagam o preço pelo o que fizeram. Isso que é o problema do país. Tem que ir até o final, é isso que deixa triste", disse Jehane Chamu, 18, que quer cursar Direito.


As eleições deste ano ocorrem após a maior série de manifestações populares da história recente do país. Muitos daqueles que foram às ruas eram adolescentes e jovens, porém, este grupo representa uma faixa pequena do eleitorado. No Paraná, inclusive, o número de jovens com título de eleitor caiu em relação à última eleição presidencial. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2010, 1,64% dos eleitores paranaenses tinham entre 16 e 17 anos. Agora, este público corresponde a 1%. Em números, os jovens eleitores – com menos de 18 anos – foram de 124.739 para 78.682 em quatro anos.

Este comportamento do eleitorado paranaense é reflexo de uma tendência nacional, já que a quantidade de votantes entre 16 e 17 anos reduziu em cerca de 30%. Em 2010, havia 2,39 milhões de eleitores nessa faixa etária. Agora, são 1,63 milhão. Esta é a terceira eleição presidencial consecutiva com queda no número de eleitores jovens.

Ainda que estes adolescentes acreditem na política como mecanismo de mudança da sociedade, a descrença na estrutura aparece com frequência. “Os políticos sempre falam as mesmas coisas e nunca mudam nada. São sempre as mesmas coisas, as mesmas propostas, e eles nunca fazem nada de diferente. Talvez, a nossa geração consiga fazer alguma coisa lá na frente, mas eu acho que vai continuar sendo assim por, pelo menos, dez anos”, acredita Letícia de Oliveira Coutinho, que pretende fazer o curso de Educação Física.

O professor de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) Cézar Bueno afirma que esta descrença na autoridade pública é universal e menciona alguns fatores que podem ter criado este cenário. “Penso que há diversos fatores: declínio universal da crença na autoridade pública; descrença na capacidade transformadora das ideologias político-partidárias; e a divisão da ideologia clássica entre concepções políticas de direita, centro e esquerda está em crise. O triunfo do modelo de sociedade de consumo parece se afirmar como um partido ideológico que atrai preferencias universais.”

Bueno acredita que as manifestações populares não impactaram ao ponto de atrair o jovem para a política porque este público espera por mudanças imediatas. “Para eles tem que ocorrer com urgência. Entretanto, seria inimaginável esperar que as grandes transformações e consolidação de direitos que a sociedade brasileira espera e exige dos representantes políticos por ela eleitos ocorram em curto prazo. Soma-se a isso, a tendência de erosão da confiança e falta de legitimidade que o modelo de representação político-institucional tem acumulado nos últimos anos”, avalia o professor.

São evidentes os obstáculos e as dificuldades existentes para mudar este cenário. De acordo com o professor, é um grande desafia que deve começar a ser resolvido na escola. “Não é possível formar apenas cidadãos para o mercado de trabalho. A descrença dos jovens na política está relacionada à fragilidade ou ausência de conteúdos pedagógicos que valorizem a importância da construção de uma sociedade alicerçada em princípios e valores democráticos e plurais”.

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