O vice-presidente da República, José Alencar, recebeu alta médica na manhã desta terça-feira (4) e deixou hospital Sírio-Libanês por volta das 12h.
"Estou saindo de mais um batalha, mas estou consciente: é uma guerra contra o câncer. Eu tenho que dar continuidade a esse tratamento experimental porque eu sou um dos voluntários desse tratamento com medicamento para o câncer", disse o vice-presidente ao deixar o hospital. "Nós estamos esperançosos que esse medicamento seja eficaz para o nosso caso."
Questionado sobre qual o sentimento que tinha ao deixar o hospital após 11 dias, Alencar respondeu que tem "gratidão". "Meu sentimento maior é de gratidão. Gratidão a Deus, às pessoas que estão fazendo uma verdadeira corrente", disse.
O vice-presidente segue nesta terça-feira (4) para Houston, nos EUA, para continuar o tratamento experimental contra o câncer. Alencar afirmou que está esperançoso de que esse novo remédio seja eficaz no tratamento. Ele disse que o medicamento não existe no Brasil e que não pode enviar alguém para buscá-lo. "A própria pessoa tem que ir, ser examinada para fazer o laudo e receber o medicamento", disse. "Esse remédio não é vendido. Eu faço parte da equipe que está desenvolvendo esse medicamento", explicou.
Depois de voltar dos EUA, na quarta-feira (5), deve ficar cerca de três dias em São Paulo. Ele disse esperar que não seja necessário ficar novamente internado no Hospital Sírio Libanês. O vice-presidente afirmou também que já se alimenta normalmente, ainda que com cuidados. "O que eu gosto é um torresminho, mas por enquanto eu acho que ainda não posso", disse.
Equipe médica
Integrante da equipe médica que assiste Alencar, o médico Raul Cutait disse que o estado de saúde do vice-presidente é "muito bom". "Como todos puderam ver, ele saiu bem animado para uma nova fase do tratamento, que passa por Houston. Tão animado que se sente a vontade para viajar em um dia e voltar no outro", afirmou. Cutait afirmou que a recuperação foi "além do esperado".
Cutait afirmou também que não há problema sobre Alencar fazer a viagem aos EUA porque tem um bom quadro médico.
O médico afirmou também que Alencar deve continuar usando a bolsa do lado externo do corpo, instalada durante uma colostomia. "Durante um tempo ele vai continuar usando [a bolsa], e depois temos que acompanhar a evolução [da saúde de Alencar]", disse o médico.
"Os problemas que o trouxeram para o hospital neste mês foram resolvidos. A obstrução que ele teve em mais de um local foi adequadamente resolvida. Dependemos da evolução da doença e estamos torcendo para que ele continue respondendo ao tratamento que já foi iniciado", disse Cutait.
O cirurgião oncologista, Ademar Lopes, que também assiste Alencar, disse que o vice-presidente "tem total condição" de ir e voltar dos Estados Unidos, "até porque tem muita vontade de voltar para São Paulo e para o Brasil".
Alencar, que luta contra um câncer no abdome há 12 anos, realizou a 15ª cirurgia no dia 24 de julho. O procedimento durou aproximadamente quatro horas e meia. Os médicos realizaram a colostomia, procedimento pelo qual foi instalada uma sonda ligada a uma bolsa do lado externo do corpo para recolher os resíduos do vice-presidente.
Crise no Senado
Sobre a crise no Senado, ele afirmou que o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), tem condições de tomar uma boa decisão.
"Eu acho que naturalmente as questões do Senado são questões da Casa, do Poder Legislativo. Nós não podemos nos intrometer, é uma briga deles. É uma coisa lastimável, nós precisamos fortalecer a democracia. E o fortalecimento da democracia pressupõe respeito às Casas do Congresso Nacional", frisou.
Questionado se o presidente do Senado, José Sarney, deveria deixar o cargo, Alencar afirmou: "Como dizem lá em MInas, se conselho fosse bom, ninguém daria de graça. Cobraria, e caro". O vice-presidente afirmou que acredita que Sarney "optará" bem