A assessoria da Polícia Federal informou que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. foi indiciado nesta segunda-feira (25) pela suspeita de crimes de corrupção ativa, violação de sigilo funcional, uso de documento falso e por oferecer vantagem a testemunha.
Ribeiro chegou à Superintendência da PF em Brasília por volta das 9h20. Segundo a Polícia Federal, o depoimento começou às 10h30 e só terminou às 16h30.
O jornalista foi apontado pela Polícia Federal como o autor do pedido de violação de dados fiscais de integrantes do PSDB e de familiares do presidenciável José Serra.
O advogado de Ribeiro Jr., Adriano Bretas, disse que o indiciamento vai permitir o esclarecimento do caso. "A defesa vê o indiciamento dele como uma coisa positiva, porque agora as especulações a respeito dos fatos vão ser cessadas. Ele vai passar a ser investigado e vai ser esclarecido que ele não cometeu crime algum", disse Bretas..
Segundo o advogado, o jornalista não cometeu ilegalidades e está sendo usado como "bode expiatório".
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"Muitas vezes o que tem se especulado tem transformado este caso em uma grande cortina de fumaça. O Amaury vem sendo utilizado como bode expiatório para ocultar os fatos que ele apurou de forma lícita", afirmou.
Segundo o advogado, Amaury Ribeiro foi judicialmente autorizado a ter acesso a documentos da CPMI do Banestado, entre outros. Essa autorização teria sido dada mediante uma exceção da verdade feita em um processo judicial.
Perguntado sobre quem estaria usando o jornalista como bode expiatório, o advogado afirmou: "Vocês [jornalistas] podem extrair as conclusões que quiserem".
Bretas afirmou ainda que os crimes pelos quais Ribeiro foi indiciado são de menor potencial ofensivo. "Do ponto de vista jurídico, é preciso ter o discernimento e analisar que a infração pela qual ele foi indiciado e é inocente é uma infração de menor potencial ofensivo", declarou.
Ele também disse que instruiu o cliente a se manter em silêncio ante algumas perguntas. "Ele se reservou no direito ao silêncio em relação a perguntas que muitas vezes eram repetidas a respeito de fatos que ele já havia esclarecido em depoimentos anteriores. E o seu silêncio não pode ser interpretado em seu prejuízo", defendeu.
Amaury negou à PF que tenha feito qualquer pagamento em troca dos dados fiscais de pessoas ligadas a José Serra, ao contrário do que constou nas reportagens que levantaram as acusações. "Ele nega ter pagado qualquer valor e qualquer vantagem indevida para quebrar sigilo ou para fazer o que fosse", afirmou o advogado.
O caso
Amaury Ribeiro Jr. teria pedio ao despachante Dirceu Rodrigues Garcia que quebrasse o sigilo fiscal de integrantes do PSDB e familiares de José Serra. No último dia 7, em depoimento à Polícia Federal em São Paulo, o despachante afirmou que o solicitação de acessar os dados da Receita Federal partiu do jornalista, que teria pago R$ 700 por cada sigilo violado. Ele afirmou que estaria disposto a fazer uma acareação com o jornalista, se fosse necessário.
O acesso aos dados ocorreu entre setembro e outubro de 2009, em uma unidade fiscal da Receita Federal em Mauá, no ABC paulista.
Entre as pessoas ligadas ao PSDB que tiveram o sigilo fiscal violado estão Veronica, filha do candidato do partido à Presidência, José Serra, o marido dela, Alexandre Bourgeois, e o vice-presidente-executivo do PSDB, Eduardo Jorge.