Mensagens trocadas entre o jogador Daniel e amigos mostram a "linha do tempo" do atleta momentos antes do crime. Daniel foi morto no fim de outubro em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.
O empresário Edison Brittes Júnior confessou o crime, em entrevista. Ele alegou ter matado Daniel porque o jogador tentou estuprar a esposa do empresário, Cristiana Brittes.
Edison Júnior, de 38 anos, Cristiana, de 35, e a filha do casal – Allana Brittes, de 18 anos – estão presos na Delegacia de São José dos Pinhais. As prisões são temporárias e têm validade de 30 dias.
'Linha do tempo'
Daniel chegou a Curitiba às 21h30 de 26 de outubro, uma sexta-feira. Ele deixou as malas na casa de um amigo, tomou um banho e seguiu para a primeira festa da noite.
Depois, por volta da meia-noite, os dois foram para o aniversário de 18 anos de Allana, em outra casa noturna da capital paranaense. Eles tinham convites para o aniversário de Allana, que foram entregues pelo pai dela.
Às 5h40 da manhã de sábado, 27 de outubro, o amigo de Daniel foi embora. Então, o jogador disse que ia para a casa de Allana, onde a festa continuaria.
Às 6h36, Daniel mandou uma mensagem avisando o amigo que já estava na casa da aniversariante, em São José dos Pinhais.
Segundo uma testemunha que está sendo protegida pela Justiça, os convidados ficaram bebendo e ouvindo música.
A primeira pessoa a ir dormir foi Cristiana. Depois, outras pessoas também se recolheram. Ficaram na festa: Daniel, Edison Júnior e outras oito pessoas.
Às 8h07 da manhã de sábado, Daniel começou a mandar mensagens para outro amigo.
O jogador contou que estava na festa na casa de uma menina e que várias pessoas estavam dormindo. O amigo perguntou se ele estava bêbado, e Daniel respondeu com uma mensagem de áudio, dizendo que não muito.
Além disso, Daniel disse que, na casa, havia uma "coroa", que ia ter relações sexuais com ela – que era mãe da aniversariante. Ele ainda contou e que o pai, Edison Júnior, estava junto.
O amigo, então, alertou Daniel para o perigo de ser expulso da casa. Daniel mandou uma foto ao lado de Cristiana, que parecia estar dormindo.
Novamente, o amigo alertou Daniel que ele poderia apanhar do marido de Cristiana.
Às 8h34, Daniel mandou mais uma foto ao lado de Cristiana e disse ao amigo que teve relação sexual com ela.
No minuto seguinte, Daniel mandou a última mensagem: "O que aparecer amanhã é nóis". O amigo perguntou o que Daniel quis dizer, mas não recebeu respostas.
O corpo do jogador foi encontrado pela polícia duas horas depois, às 10h30 de sábado, em um matagal, com mutilações e sinais de tortura. Mas não havia identificação da vítima.
Em depoimento à polícia, um amigo de Daniel disse que ele e mais dois amigos criaram um grupo de mensagens no qual postavam fotos das mulheres que conquistavam. Geralmente a foto era tirada no momento em que a mulher estava dormindo
De acordo com a Polícia Civil, o órgão genital de Daniel foi cortado. O Instituto Médico-Legal (IML) apontou ferimento por arma branca como causa preliminar da morte.
O que disse o amigo
O amigo que hospedou Daniel disse à polícia que começou a ficar preocupado na noite de sábado porque o jogador estava desaparecido desde a festa, e os os dois tinham um compromisso.
Ele chegou a trocar mensagens com Allana, que relatou que Daniel tinha ido embora sozinho da casa dela.
No domingo, 28 de outubro, o amigo ficou sabendo que havia um corpo não identificado no IML. Ele reconheceu Daniel.
Contradições
A polícia tenta esclarecer o que ocorreu entre o começo da festa na casa de Allana até a morte de Daniel.
As versões apresentadas pela família Brittes, até agora, possuem várias contradições.
A polícia disse que Cristiana aparecia nas fotos tiradas por Daniel com a mesma roupa e colar que estava nas fotos do aniversário na casa noturna. Edison tinha dado outra versão.
Em entrevista à RPC, Edison Júnior contou que, quando chegaram da festa, ele vestiu o pijama na esposa e a colocou para dormir.
O empresário afirmou que precisou arrombar a porta, que estava trancada, quando ouviu a esposa gritar por socorro.
Porém, em um vídeo gravado pela defesa da família Brittes, Allana disse que abriu a porta do quarto e flagrou Daniel com a mãe
Edison Júnior disse que a faca que usou para mutilar e matar Daniel sempre esteve no carro.
Mas, uma testemunha que presenciou as agressões na casa da família disse que ouviu outra pessoa gritar que Edison Júnior tinha pegado uma faca, em meio à confusão.
Edison Júnior também negou que tivesse algum outro tipo de arma em casa. Contudo, o empresário tem dois Boletins de Ocorrências (B.O.) registrados contra ele, neste ano, envolvendo arma de fogo.
Em um deles, de junho, Edison Júnior foi parado pela polícia por dirigir em alta velocidade em uma avenida da capital paranaense. No do B.O de janeiro, a polícia foi chamada após disparos na casa do empresário.