"Para mim, Governo só pode ter um candidato, quem não é Governo, consequentemente é oposição". Com essa afirmação o senador João Vicente Claudino (PTB) deixa a base aliada e sela sua pré-candidatura pelo lado oposicionista nas eleições deste ano. Após o anúncio da saída do governador Wellington Dias (PT) para a disputa ao Senado, na manhã de ontem, Claudino convocou a imprensa para afirmar que mantém a pré-candidatura a governador independente.
A decisão tomada ainda na última segunda-feira foi consagrada após o encontro do senador com mais de 70 lideranças petebistas do interior. Com a posse de Elmano Ferrer (PTB) como prefeito de Teresina, cabe agora ao PTB o comando de cidades que totalizam 50% da população piauiense. A representatividade do partido é apontada por João Vicente como um dos trunfos da legenda na corrida eleitoral até outubro.
"Ainda vamos definir como será feita a pré-campa-nha, mas é certo que temos que acelerar o processo e multiplicar a mensagem do partido para todo o Piauí", adiantou. O PTB busca agora aliados para compor a chapa majoritária que concorrerá com o futuro governador Wilson Martins (PTB) e o ex-prefeito de Teresina, Sílvio Mendes (PSDB). Os deputados estaduais João Mádison e Nerinho, ambos da ala oposicionista do PMDB, estavam ao lado do parlamentar no anúncio oficial de sua pré-candidatura. O petebista admitiu que as conversas serão intensificadas com os peemedebistas. "É a noiva ideal. O PMDB é um partido forte e com identidade no Estado", cortejou.
Claudino pediu ainda que todos os membros do PTB que possuam cargos no Governo estadual entreguem suas vagas. De acordo com o raciocínio do senador, sem a presença de Dias, não "faz sentido" a permanência da legenda na administração comandada pelo PSB. "Ajudamos a construir esse Governo desde 2003. Como o governador renunciou ao cargo, vamos deixar o gestor público a vontade. Não somos o partido que irá fazer de conta que é governista de última hora", explicou.
ALIANÇA COM PSB E PSDB- Rivais na maioria dos municípios piauienses, o PTB e o PSB deverão solidificar a postura de adversários também no Governo. João Vicente enfatizou que uma aliança com o Martins só pode ocorrer se o vice-governador o apoiar como cabeça-de-chapa. "Podemos conversar, já que eu sou senador e ele é governador. O PTB tem candidato, se ele votar em nós, tudo bem, mas não abrimos mão do cabeça de chapa", frisou. Como Wilson já declarou que sua reeleição também está de pé, o acordo entre os antigos integrantes da base aliada está cada vez mais distante.
Sobre a possibilidade de indicar o vice em uma chapa encabeçada por Mendes, o petebista desconversou. "Acabei de me tornar pré-candidato, não existe essa conversa. Sempre tive um relacionamento amistoso com o Sílvio".