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João Dória diz que errou com Lula: “Ninguém fica menor por pedir desculpas”

Apesar do tom conciliador, o ex-governador não poupou críticas ao modo como Fernando Haddad vem sendo tratado dentro do próprio governo.

João Dória teceu duras críticas ao presidente Lula durante o pleito de 2018. | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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O ex-prefeito da capital paulista e ex-governador do estado, João Doria, hoje mais voltado ao setor empresarial, defende o fim da polarização política no país. Fundador do Lide — grupo que articula lideranças do setor privado — ele afirma que o Brasil precisa retomar o caminho do entendimento. “Diálogo, pacificação e distância dos extremos, tanto da direita quanto da esquerda”, resume Doria, que diz não demonizar a política, mas garante: sua etapa como agente público está encerrada.

REJEIÇÃO À VIDA PÚBLICA


"Eu estou fora da política e não quero voltar para a política", crava o empresário, que em 2022 abandonou sua pré-candidatura à Presidência após desgastes nas prévias do PSDB. Mesmo sem mágoas públicas, não esconde o distanciamento em relação ao partido que integrou por mais de duas décadas.

DO TRABALHO À CONCILIAÇÃO


Conhecido no passado pelo bordão “João Trabalhador”, o ex-governador tenta agora firmar nova identidade: “João Pacificador”. Em 2024, chegou a publicar uma carta aberta dirigida ao presidente Lula. Em tom reflexivo, ele admitiu que, durante sua trajetória eleitoral, adotou posturas excessivamente beligerantes. “Acho que em alguns momentos na vida política e disputando campanhas, eu fui duro demais com algumas pessoas e agressivo em excesso. Não era preciso”, confessou. E complementou: “Eu não tenho nenhuma dificuldade de reconhecer os meus erros e pedir desculpas por eles. Ninguém fica menor por pedir desculpas.”

Ainda sobre sua postura anterior, Doria pondera: “Eu tenho posições diferentes das do presidente Lula. Continuo mantendo as minhas convicções, mas acho que, em alguns momentos, eu passei de um limite onde eu poderia ter mantido as minhas convicções, mas mantido também a minha educação.”

CRÍTICAS AO TRATAMENTO DADO A HADDAD


Apesar do tom conciliador, o ex-governador não poupou críticas ao modo como Fernando Haddad vem sendo tratado dentro do próprio governo. “Fernando Haddad procurou ser correto no diálogo, no entendimento com o setor privado. Ele teve a capacidade de ouvir, de fazer uma auscultação para buscar os melhores caminhos para desenhar a política econômica deste governo. E foi atacado dentro do próprio partido do presidente Lula, o que é uma situação bizarra”, disparou.

PARTIDO EM FRANGALHOS


O PSDB, legenda que já foi um dos principais pilares da política nacional, é visto por Doria como uma força em declínio acelerado. Para ele, o partido caminha para ser absorvido ou desaparecer. Apesar da longa filiação, diz que não mantém relação com as atuais lideranças. “Eu fico triste. Só espero que não esqueçam a boa história do PSDB e as contribuições que o partido ofereceu à democracia e aos movimentos de defesa da Constituição e do comportamento republicano.”

ALERTA SOBRE OS EUA


Na seara internacional, Doria avaliou que o impacto das medidas econômicas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou os empresários brasileiros atônitos. “Vamos ter um período complexo ao longo desses quatro anos de governo Trump. Sabia-se que não seria fácil, dada a experiência anterior com Donald Trump, mas não se imaginava que ele fosse ser tão tenso, tão agudo, adotando medidas extremamente drásticas e que mudam também com uma velocidade incomum, afetando a maior economia do mundo num nível estranho, com medidas mal formuladas e mal planejadas.”

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