O presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson, postou em seu blog um texto no qual nega o envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema do mensalão, o qual ele foi apontado como delator e condenado a 7 anos e 14 dias por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. O discurso de Jefferson confronta a tese de seu próprio advogado, Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que pediu a apuração de suposto envolvimento do ex-presidente no esquema. Os embargos de declaração foram apresentados no dia 2 de maio ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"Como venho dizendo desde o início, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nada tem a ver com o mensalão. O recurso para que o ex-presidente responda pelos fatos arrolados no processo apresentado ao STF pelo meu advogado, Francisco Barbosa, portanto, não conta com a minha chancela. É a posição dele, Barbosa, não é a minha. Eu não sou membro do Ministério Público, eu sou réu, acusado como todos os outros envolvidos no processo. Como tal, preciso me defender, e não de acusar terceiros. Respeito o meu advogado, mas eu não comungo da mesma ideia?, disse o comunicado de Roberto Jefferson, denominado ?Lula não estava lá?.
O defensor de Jefferson pede que o STF envie parte da Ação Penal 470 (processo do mensalão) ao Ministério Público para que o órgão inicie uma ação contra Lula na Justiça de primeiro grau, uma vez que o ex-presidente não tem mais prerrogativa de foro. "Na Ação Penal 470 já há elementos para isso, pois ele é o mandante", sustenta o advogado.
Corrêa também argumenta que seu cliente não poderia ter sido julgado pelo STF, pois perdeu o mandato na Câmara dos Deputados e não tinha mais prerrogativa de foro. Outro argumento usado pela defesa de Roberto Jefferson é que os parlamentares não podem ser processados, civil e penalmente, por suas opiniões, palavras e votos.
O advogado também aponta confusão de papéis no STF, pois o ministro Joaquim Barbosa está despachando no processo ora como presidente do Supremo, ora como relator. Segundo ele, determinados ritos do processo são de responsabilidade do sucessor do ministro Carlos Ayres Britto, que ocupava a presidência do STF quando o julgamento do mensalão começou.