Na semana que marcada pelo Dia Nacional de Combate à Homofobia, parlamentares antigos no Congresso Nacional repetiram a mesma palavra para se referir ao deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ): "surpresa". Novato na Câmara, o professor baiano que se tornou conhecido em 2005 no reality show "Big Brother" já é um dos principais líderes do movimento homossexual no país. Para ele, a causa ganharia força se outros colegas assumissem sua orientação sexual.
Em entrevista a um portal de notícias, Jean diz também que Clodovil Hernandes, morto em 2009 e primeiro deputado abertamente homossexual, tinha "homofobia internalizada", o que muitas vezes o colocava contra as bandeiras do movimento. Mas pondera que não cobrava dele nem de nenhum parlamentar que se transforme em porta-voz dos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), embora torça para que outros colegas revelem sua homossexualidade.
"Eu respeito a decisão de cada pessoa. Cada um tem seu próprio tempo. Elas não precisam igualmente implodir o armário e abrir relação ao mundo, podem manter sigilo", disse Jean, eleito com 13 mil votos no Rio de Janeiro. "Eu identifico outros homossexuais aqui [no Congresso]. Mas não quero forçosamente denunciá-los nem tirá-los do armário. Pelo contrário, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Não cabe a mim dizer quem é."
É por sua defesa das liberdades individuais que colegas se referem a ele como "o primeiro deputado gay e não-homofóbico" da Câmara. A alfinetada em Clodovil, diz Jean, também vale para muitas outras vítimas de preconceito. "Ele não tinha qualquer afinidade com a pauta histórica do movimento homossexual. Muito pelo contrário. Ele tinha homofobia internalizada, ele não tinha orgulho da orientação sexual dele", afirmou.