
O livro "Janja: a militante que se tornou primeira-dama" (Máquina de Livros), escrito pelos jornalistas Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo, chegou ao público em 2023 com a proposta de apresentar Rosângela Lula da Silva além da imagem construída pelo Partido dos Trabalhadores. A obra destaca sua personalidade independente, paixão pelo futebol e conexão com as fases da Lua, além do impacto que causou entre mulheres que participaram da vigília em Curitiba enquanto Lula estava preso.
TRAJETÓRIA POLÍTICA E CONTATO COM GLEISI
Desde cedo, Janja esteve ligada ao PT, filiando-se ao partido aos 17 anos e contribuindo para fortalecer o diretório municipal de Ponta Grossa (MT). Atuou como secretária da legenda e, nos anos 1990, assumiu a posição de assessora parlamentar na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), onde conheceu Gleisi Hoffmann, que viria a se tornar presidente do partido em 2017.
OS ENCONTROS COM LULA
A relação entre Janja e Lula teve início a partir de encontros esporádicos ao longo dos anos. O primeiro contato registrado aconteceu em 1994, durante as Caravanas da Cidadania. Anos depois, ela voltou a encontrá-lo em Brasília, onde lhe presenteou com uma bandeja feita de fibra de bananeira por ocasião do aniversário de 64 anos do ex-presidente. Em 2011, no Rio de Janeiro, eles se cruzaram novamente em uma palestra organizada pela própria socióloga. No entanto, foi em dezembro de 2017, durante um jogo de futebol promovido pelo MST em São Paulo, que a aproximação se intensificou, resultando no início do relacionamento em fevereiro de 2018. Dois meses depois, Lula foi preso, e Janja esteve ao seu lado no Sindicato dos Metalúrgicos antes de sua entrega à Polícia Federal.
VIDA SOB ESCOLTA E RECEIO DE VIOLÊNCIA
Com a crescente visibilidade, o PT passou a monitorar de perto a segurança de Janja, embora ela inicialmente rejeitasse a ideia de contar com escoltas. Sua postura mudou após um incidente em que um homem embriagado apontou uma arma para o advogado Manoel Caetano, ligado à defesa de Lula. O namoro se tornou público em maio de 2019, quando o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira revelou que o ex-presidente "está apaixonado e seu primeiro projeto ao sair da prisão é se casar". Até então, apenas aliados próximos e militantes sabiam da relação, pois havia preocupação com a segurança da socióloga. Apesar das recomendações da assessoria do PT para manter discrição, Janja aos poucos foi assumindo um papel mais ativo e visível.
JANJA E O APOIO DE SIMONE TEBET
Após o primeiro turno das eleições presidenciais, coube a Janja fazer a ligação para Simone Tebet, que ficou em terceiro lugar na disputa. A conversa foi decisiva para que a então candidata do MDB oficializasse seu apoio a Lula no segundo turno.
CONFRONTO COM JOSÉ MÚCIO
Durante os ataques de 8 de janeiro, Janja se opôs à recomendação do ministro da Defesa, José Múcio, de decretar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Com firmeza, declarou: "GLO não! GLO é golpe! É golpe". Lula optou por decretar intervenção na segurança do Distrito Federal.
O PAPEL DE JANJA NO TERCEIRO GOVERNO LULA
"(A relação entre Lula e Janja) cresceu na campanha, e Lula não seria Lula 3 sem Janja, assim como Janja não seria o que é hoje sem o petista", analisam os autores no livro.
Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo também escreveram "Todas as mulheres dos presidentes", sobre as primeiras-damas do Brasil. Segundo a assessoria de Janja, a primeira-dama não participou do livro nem permitiu a colaboração de amigos próximos.