O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (15) que está utilizando parte dos R$ 17,2 milhões recebidos em 2023 por meio de transferências via Pix para manter o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. As doações foram feitas por apoiadores com a finalidade inicial de ajudar o ex-mandatário a pagar multas acumuladas durante sua gestão.
📍EDUARDO TEME PRISÃO E NÃO PRETENDE RETORNAR
Desde março afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo segue fora do país e alega ser alvo de perseguição política. Em um vídeo publicado nas redes sociais, o parlamentar manifestou receio de que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), possa determinar sua prisão. Vale ressaltar, no entanto, que ele não foi indiciado nem denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no inquérito que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
— "Eu estou bancando as despesas dele agora. Se não fosse o Pix, eu não teria como bancar essa despesa" — declarou Bolsonaro. — "Ele está sem salário e fazendo o seu trabalho de interlocução com autoridades no exterior. O que queremos é garantir a nossa democracia, não queremos um Judiciário parcial."
Bolsonaro também revelou conversas frequentes com o filho, todas em caráter reservado, e sinalizou o desejo de vê-lo como candidato ao Senado em 2026.
— "Não sei se ele retorna da licença, estamos na metade do prazo de 120 dias. Eu não quero ficar longe do meu filho, um afastamento familiar", completou.
📍"SÓ VOLTO SE MORAES FOR PUNIDO", DIZ EDUARDO
Por sua vez, Eduardo Bolsonaro declarou que só retornará ao Brasil se Alexandre de Moraes for “punido por abuso de autoridade”. Ele também afirmou que seu principal objetivo, ao permanecer nos EUA, é atuar na luta pela anistia dos presos pelos atos golpistas de janeiro do ano passado. Na ocasião em que tirou licença, o deputado era cotado para presidir a Comissão de Relações Exteriores da Câmara (Creden), considerada estratégica para a interlocução internacional do partido.
📍PIX RASTREADO POR AUTORIDADES
A campanha de arrecadação com chave Pix foi amplamente promovida nas redes sociais por aliados bolsonaristas, incluindo ex-ministros e parlamentares do PL. Segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), foram registradas 769.717 operações em um intervalo de seis meses.
Entre os maiores doadores, aparecem uma empresária do setor agropecuário (R$ 20 mil), um empresário da construção civil (R$ 10 mil) e um escritor (R$ 10 mil). A aplicação desses recursos, porém, não foi claramente especificada além do pagamento de multas.