O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) iniciou seu interrogatório nesta terça-feira (10) reiterando, sem apresentar provas, críticas ao sistema eletrônico de votação. Segundo ele, a desconfiança em relação às urnas eletrônicas "não é algo exclusivo" de sua parte.
O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta tarde os interrogatórios dos réus considerados parte do "núcleo crucial" da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2022.
Bolsonaro foi o sexto a prestar depoimento. A Procuradoria-Geral da República (PGR) o aponta como figura central na organização criminosa que teria atuado para romper a ordem democrática.
DENÚNCIA DE LIDERAR TRAMA GOLPISTA
Logo no início da oitiva, ele foi questionado pelo relator, ministro Alexandre de Moraes, se a denúncia de liderar a trama golpista procedia, e respondeu que não. “Não procede à acusação, Excelência”, disse Bolsonaro.
Em seguida, Moraes perguntou qual era o fundamento para as reiteradas alegações de que havia fraudes no sistema eleitoral brasileiro, e de que os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estariam direcionando as eleições.
E respondeu: "Eu fiquei 2 anos como vereador e 28 como parlamentar. A minha retórica sempre foi parecida com isso. A questão da desconfiança, suspeição ou crítica às urnas não é algo privativo meu", frisou. Em seguida, Bolsonaro citou o ministro do Supremo Flávio Dino.
"O sr Flávio Dino, em 2012, ou em 2010, quando ele perdeu a eleição para o governo do Maranhão. Eu pedi um vídeo, mas não foi permitido. No vídeo ele, diz o seguinte: 'hoje eu tive a oportunidade de ser vítima de um processo que precisa ser aprimorado, ser auditado, que é o sistema das urnas eletrônicas. E, depois, 'o senhor acredita que houve fraude? Houve várias modalidades', palavra do senhor Flávio Dino", disse o ex-presidente.
Bolsonaro também falou do ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi.
"Depois, curiosamente, uma outra inserção no horário gratuito eleitoral, do senhor Carlos Lupi. Por que curiosamente? Foi ele que entrou com uma ação no TSE pela minha inelegibilidade. Por crítica às urnas eletrônicas. Ele não falava em fraude, mas numa dessas inserções, que até hoje está no Facebook dele, ele fala o seguinte: 'Sem a impressão do voto, não há possibilidade de recontagem. Sem recontagem, há fraude interna'", prosseguiu o ex-presidente.