Ministros do Supremo Tribunal Federal e investigadores ouvidos avaliam que os interrogatórios dos réus ligados ao chamado "núcleo crucial" da suposta tentativa de golpe, realizados no início da semana, não trouxeram novidades e ocorreram conforme o esperado.
A percepção é de que os acusados tentaram se distanciar dos crimes, mas acabaram admitindo participação em reuniões nas quais, segundo a Procuradoria-Geral da República, foi discutida a chamada “minuta do golpe”.
Eles também mencionaram os “considerandos” — a parte introdutória do documento, que teria a função de justificar as medidas antidemocráticas. Com isso, a avaliação reservada é de que os elementos apresentados na denúncia saíram fortalecidos.
Confirmações de Cid, contrapontos de Fux
Interlocutores da Procuradoria-Geral da República consideram que um dos depoimentos mais relevantes foi o do tenente-coronel Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada. Para os procuradores, Cid confirmou pontos centrais da delação que implicam diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro na suposta trama golpista.
Paralelamente, advogados de defesa destacaram a atuação do ministro Luiz Fux nas audiências, com questionamentos dirigidos aos réus. Entre os defensores, há a expectativa de que Fux atue como uma espécie de revisor informal das decisões do ministro Alexandre de Moraes, oferecendo eventuais contrapontos ao colega.