Indefinição de Serra favorece Dilma

Pesquisa mostrou que o crescimento de Dilma está relacionada a indefinição de Serra em anunciar uma pré-candidatura

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Pesquisa do instituto Datafolha, divulgada neste domingo (28), mostrou crescimento da pré-candidata do PT e do governo à Presidência da República, a ministra Dilma Rousseff, e queda do possível candidato do PSDB, o governador de São Paulo, José Serra.

A diferença entre os dois, que em dezembro era de 14 pontos percentuais (37% para Serra e 23% para Dilma), caiu para quatro pontos em fevereiro (32% a 28%), o que configura empate técnico, já que a margem de erro máxima é dois pontos, para mais ou para menos.

Segundo o doutor em Ciência Política José Paulo Martins Júnior, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), neste momento a tendência é de crescimento da candidatura Dilma. Para ele, enquanto Serra permanecer "mais na moita" e não definir a sua candidatura, a tendência para os tucanos é de estagnação. O cientista político avalia que "tudo leva a crer" que Serra será o candidato do PSDB, mas não considera descartada a hipótese de uma entrada em cena do governador de Minas Gerais, Aécio Neves.

"Surpreende a capacidade que o Lula tem de transferir carisma", diz José Paulo, destacando "o prestígio que Lula e o PT vêm emprestando a Dilma", que também dispõe, na condição de ministra, de "recursos oficiais", como a possibilidade de participar de eventos, aumentando a sua exposição. Mas ele observa que o número de pessoas que diz conhecer Serra ainda é bem maior. Segundo o Datafolha, os candidatos mais conhecidos são Serra (96%) e Ciro Gomes (PSB, 92%). Dilma subiu para 86%, ante 80% em dezembro e 53% em março do ano passado.

O cientista político descarta a possibilidade de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso entre na disputa no caso de uma eventual desistência do governador paulista. "É mito improvável. Se o Serra desistir, o Aécio abraça no ato", afirma.

Para ele, o deputado Ciro Gomes deverá mesmo disputar a Presidência da República, o que poderia beneficiar Dilma, à medida que o candidato do PSB concentrar os ataques à oposição. "Para o eleitor, seria bom ter outros nomes", acrescenta. O professor diz ainda que essa "terceira via" certamente será mais forte que a de 2006.

"Este ano, a concentração vai diminuir", afirma José Paulo, lembrando que na eleição anterior os candidatos do PT (Lula, 48,6%) e do PSDB (Geraldo Alckmin, 41,6%) concentraram mais de 90% dos votos no primeiro turno. Agora, ele acredita que petistas e tucanos somarão no máximo 70%. Mesmo assim, acrescenta, "ninguém hoje tem condições de evitar essa polarização". Ele acredita que, para a maioria da população, a questão a ser avaliada é se a vida melhorou - o que, pelos indicadores e pesquisas de avaliação, favorece o governo.

Pela pesquisa do Datafolha, no cenário principal, além de Serra (32%) e Dilma (28%), Ciro Gomes teria 12% dos votos (ante 13% na pesquisa de dezembro) e a ex-ministra Marina Silva, do PV, receberia 8% (9% no levantamento anterior). Sem Ciro, Serra passaria de 40% para 38% e Dilma, de 26% para 31%, enquanto Marina permaneceria estável, com 11% (10% em dezembro).

O instituto estabeleceu outros dois cenários. Sem Serra, Dilma receberia 30% dos votos, Ciro teria 21%, Aécio Neves, 13% e Marina, 11%. Sem Ciro e Serra, Dilma teria 34%, Aécio, 18% e Marina, 15%.

Em um eventual segundo turno, Serra receberia 45% dos votos, ante 49% em dezembro. Já a pré-candidata do PT passou de 34% para 41%. Sem Dilma, Serra teria 49% e Ciro, 31%. Excluído o tucano, Dilma ganharia com 46%, enquanto Ciro teria 33%. Se o candidato do PSDB fosse Aécio Neves, ele perderia tanto para Dilma (48% a 26%) como para Ciro (45% a 26%).

A pesquisa mostrou ainda crescimento da rejeição a Serra, para 25%, ante 19% dois meses atrás. A rejeição a Dilma ficou praticamente estável, dentro da margem de erro, de 21% para 23%. Para Ciro, a rejeição foi de 18% para 21%).

De um total de 2.623 pessoas entrevistadas, 42% disseram que votariam, com certeza, em um candidato apoiado por Lula. Esse percentual chegava a 38% em dezembro. Para 66%, é indiferente o fato de um candidato fazer oposição ao presidente.

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