O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), intensifica diálogos com o Partido Liberal (PL) para destravar a votação do projeto de reciprocidade comercial, que permitiria ao Brasil adotar retaliações a sanções estrangeiras. A resistência do PL, que obstrui votações para pressionar pela pauta de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, representa o principal entrave.
Negociações em andamento
As tratativas envolvem o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), e o relator Arnaldo Jardim (Cidadania-SP). O parlamentar argumenta que a matéria transcende divisões partidárias:
"Estamos trabalhando para votar amanhã [quarta-feira, 2]. Temos um problema que é a obstrução do PL, exigindo a anistia. Conversamos para que, dada a relevância do tema – aprovado até pelo PL no Senado –, não a considerem objeto de obstrução", afirmou Jardim.
Segundo ele, parte da bancada já sinalizou apoio, reconhecendo o caráter técnico da proposta:
"A maioria compreende que esse assunto é nacional e não governista. A autoria é da oposição, a relatoria também, e eu não sou da base. Esperamos essa disposição", completou.
Conteúdo da proposta
De autoria da senadora Tereza Cristina (PP-MS), o projeto aprovado na CAE do Senado autoriza a Camex a adotar contramedidas quando:
Países violarem a soberania brasileira
Medidas externas conflitarem com acordos comerciais
Exigências ambientais forem mais rígidas que as nacionais
Contexto urgente
A discussão coincide com o anúncio de Donald Trump sobre tarifas de 25% sobre aço e alumínio brasileiros. A medida busca equipar o governo a reagir proporcionalmente a sanções como essas.