O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrentou neste domingo (21) manifestações de grande porte em diversas capitais do país, consideradas as maiores contra a direita e o centrão na última década. Apesar da pressão popular, aliados garantem que o parlamentar procurou transmitir serenidade. Conforme relatam interlocutores, Motta já reconhecia que poderia pagar um “preço público” pelas decisões tomadas à frente da Casa.
Desgaste estratégico em benefício da base
Em reunião de líderes que definiu a votação da PEC da Blindagem e da urgência do projeto de anistia, Motta deixou claro que estava ciente das críticas. Um auxiliar relata: “É o que a maioria quer? Eu pago o preço, mas preciso que depois a Casa ande, que funcione, que tenha uma pauta que fale pra fora.”
Segundo aliados, a movimentação foi calculada para fortalecer a posição do presidente da Câmara junto aos partidos e garantir maior governabilidade interna. A priorização da pauta doméstica serviu para consolidar sua imagem perante a base e preservar sua influência política.
Pressão em João Pessoa e o cenário de pré-eleição
Na capital paraibana, João Pessoa, principal base eleitoral de Motta, os manifestantes foram diretos ao pedir sua não-reeleição. Um amigo próximo do parlamentar comentou que o movimento reflete o clima de pré-campanha: “É preciso entender que entramos numa dinâmica já de pré-eleição, né?”
O aliado também ressaltou que Motta vem estruturando seu projeto político na Paraíba em alinhamento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fortalecendo alianças estratégicas para o futuro eleitoral.
Compromissos com líderes partidários
Em entrevista à imprensa, Motta afirmou que pretende encerrar ainda nesta semana as discussões sobre a anistia. Ele também destacou que, mesmo que o Senado derrube a PEC da Blindagem, considera ter cumprido a promessa de levar o tema ao plenário.
Um assessor próximo explicou a lógica do parlamentar: “As pessoas não entendem que ele estava ciente do desgaste, mas fez o que fez para ficar forte internamente. Não há no governo, na oposição ou no Supremo quem possa se dizer traído. E com os líderes [de partidos], ele está na mais alta conta.”