Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez uma análise contundente sobre o cenário político atual: "A economia não será mais o fator determinante nas eleições". A declaração surge em meio à queda de popularidade do governo Lula, mesmo com o crescimento de 3,4% do PIB em 2024 e a geração de empregos.
Haddad citou os resultados eleitorais na França e nos EUA como exemplos de que bons números econômicos não garantem vitórias.
Macron e Biden tinham indicadores positivos, mas não venceram. Há uma onda global de extrema-direita que redefine as disputas.
desaprovação de lula
Para ele, a desaprovação de Lula – que chegou a 56% na pesquisa Genial/Quaest e 53,6% no levantamento AtlasIntel – está mais ligada a "solavancos recentes", como a alta do dólar no fim de 2024 (que fechou o ano a R$ 6,18, com valorização de 27,36%), do que a uma crise crônica. O ministro reconheceu, porém, que o governo precisa melhorar sua comunicação.
Temos tempo até as eleições para encontrar um eixo que traduza nossas ações em um horizonte claro para a população.
Disse o ministro, diferenciando marketing político de estratégia comunicativa. Enquanto isso, pesquisas como a do Datafolha (5/4) mostram que a avaliação negativa do governo (49%) ainda supera a positiva (48%), embora com tendência de estabilização.
A fala de Haddad reflete um desafio duplo: convencer o eleitorado de que a economia está no rumo certo, mesmo com inflação e juros altos, e combater o avanço de narrativas antissistêmicas que têm moldado pleitos mundo afora. O próximo passo, segundo ele, será "aterrissar" as políticas públicas no discurso cotidiano – uma tarefa que definirá os rumos do governo em 2025.