O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta quinta-feira (28/08), que o governo federal intensifique a atuação contra fraudes e mecanismos financeiros utilizados pelo crime organizado. Além disso, o ministro também declarou que as operações realizadas hoje são o “caminho das pedras” para que mais investigações sejam feitas.
Segundo Haddad, deixar uma equipe exclusiva para decifrar a fraude estruturada, que conta com mecanismos financeiros sofisticados, é a maneira correta de usar a inteligência do Estado para chegar aos líderes do crime. "Assim você seca a fonte dos recursos, para impedir que a atividade criminosa seja abastecida", disse o ministro.
"Se você prende uma pessoa, mas o dinheiro fica à disposição do crime, essa pessoa é substituída por outra. Estamos falando de operações que bloquearam mais de 100 imóveis, veículos e patrimônios que podem chegar aos bilhões. Assim você efetivamente estrangula o crime", afirmou.
Autoridades deflagraram três operações de combate ao crime organizado
Uma operação deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) nomeada como "Carbono Oculto", tem como objetivo desarticular m esquema bilionário de fraudes no setor de combustíveis com infiltração de integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
As investigações detectaram fraudes qualitativas e quantitativas em mais de mil postos, com consumidores pagando por menos volume ou por produto adulterado. Com cerca de 1.400 agentes, a força-tarefa, cumpre mandados em mais de 350 alvos em oito estados, revelando uma sonegação de R$ 7,6 bilhões em tributos e lesando consumidores e toda a cadeia econômica.
Uma outra operação, batizada de “Operação Quasar” visa de desarticular esquemas de lavagem de dinheiro, com impacto financeiro e envolvimento de organizações criminosas. Mandados são cumpridos na Avenida Faria Lima, principal centro comercial do país, que fica na capital paulista.
ENTENDA
A ação da Polícia Federal (PF) mira gestão fraudulenta de instituições financeiras. Durante a ação, as autoridades identificaram um esquema sofisticado que utilizava fundos de investimento para ocultar patrimônio de origem ilícita, com indícios de ligação com facções criminosas.
Ainda de acordo com a PF, a estrutura criminosa funcionava por meio de múltiplas camadas societárias e financeiras, nas quais fundos de investimento detinham participação em outros fundos ou empresas. A partir dai, eles dificultavam a identificação dos verdadeiros beneficiários e tinham como principal finalidade a blindagem patrimonial e a ocultação da origem dos recursos. Outra das estratégias utilizadas era a transações simuladas de compra e venda de ativos, como imóveis e títulos, entre empresas do mesmo grupo, sem propósito econômico real.
Uma das maiores redes de lavagem de dinheiro
Já a Operação Tank tem como foco o desmantelamento de uma das maiores redes de lavagem de dinheiro já identificadas no estado do Paraná. Estão sendo cumpridos 14 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão nos estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
As investigações apontam que o grupo criminoso atuava desde 2019 e é suspeito de ter lavado pelo menos R$ 600 milhões, movimentando mais de R$ 23 bilhões por meio de uma rede composta por centenas de empresas, incluindo postos de combustíveis, distribuidoras, holdings, empresas de cobrança e instituições de pagamento autorizadas pelo Banco Central.