O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, disse neste domingo ter "dúvidas" sobre a legitimidade do resultado das eleições presidenciais realizadas na sexta-feira no Irã, que reelegeram por grande maioria o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad.
"Tenho dúvidas, mas vamos guardar os comentários até que não tenhamos uma ampla revisão de todo o processo", afirmou o vice-presidente durante uma entrevista à rede de TV americana NBC.
"É preciso ver quais foram os resultados e analisá-los, algo que faremos, não somente nós, mas todos os países do mundo, e então poderemos emitir um julgamento mais apropriado", disse.
Explicou que apesar não ter "todos os detalhes", a supressão da liberdade de expressão, a repressão dos protestos dos partidários do candidato reformista Mir Hussein Mousavi e o tratamento dado aos manifestantes geram dúvidas sobre os resultados.
Ahmadinejad afirmou hoje que a votação foi "real e livre", embora Mousavi tenha acusado o Governo de fraude eleitoral, o que gerou protestos de seus seguidores.
Biden afirmou que, "por enquanto", os Estados Unidos "têm que aceitar" que Ahmadinejad seja o presidente do Irã.
"Mas há muitas perguntas sobre a forma com aconteceram estas eleições e já veremos. Quero dizer que estamos esperando para ver que acontece", afirmou.
Biden qualificou de "surpreendente" a vitória de Ahmadinejad com mais de 60% dos votos e destacou que as coisas não parecem tão claras como governo iraniano insiste em afirmar.
O vice-presidente dos EUS questionou, também, os dados que apontam que Ahmadinejad obteve em torno de 70% dos votos nos centros urbanos que, segundo lembrou Biden, não são seu reduto.
"A idéia que ele possa ter obtido 68%, ou qualquer que seja a percentagem, (nas cidades) não parece provável", disse.
Apesar das críticas, afirmou que os resultados das eleições não afetarão a política dos EUA em relação ao Irã e explicou que a Casa Branca tentará manter um diálogo com Teerã.
Biden disse que os EUA ainda estão à espera de uma resposta do Irã ao convite de diálogo com vários países ocidentais para uma maior colaboração diplomática e econômica com Teerã, se o país paralisar seu programa de enriquecimento de urânio.
"As conversas com o Irã não são uma recompensa por seu bom comportamento", disse Biden.
"Nossos interesses depois das eleições são os mesmos de antes.
Queremos que desistam de seu empenho para construir armas nucleares e (...) em segundo lugar que parem de apoiar atividades terroristas", completou o vice-presidente dos EUA.