Aliados do ex-governador José Serra acusam o governador Geraldo Alckmin de ter se omitido da disputa pelo controle municipal da sigla em São Paulo, que resultou com a derrota do vereador Andrea Matarazzo (PSDB-SP).
A derrocada da candidatura do vereador --amigo e aliado de Serra-- foi provocada por uma articulação de três secretários de Alckmin: José Aníbal (Energia), Bruno Covas (Meio Ambiente) e Júlio Semeghini (Planejamento).
Os três romperam acordo firmado entre o governador, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Andrea, segundo o qual o vereador seria eleito presidente e os demais cargos da sigla seriam divididos entre os grupos de Semeghini, Aníbal e Covas.
A dissolução do trato se deu durante votação tumultuada. Matarazzo retirou a candidatura e o ex-deputado Milton Flávio, hoje funcionário de Aníbal na secretaria, foi eleito por aclamação.
O vereador deixou o local debaixo de gritos de "traidor" e "judas". Segundo aliados, no auge da crise, Matarazzo telefonou para Alckmin, que não atendeu. Aliados do governador negam que ele tenha se omitido. Afirmam que ele se empenhou para promover um acordo pró-Andrea.
"Estranho o fato de um governador manifestar preferência em um processo partidário e três de seus secretários trabalharem no sentido oposto", ironizou o ex-governador Alberto Goldman.
Alckmin chegou a manifestar publicamente apoio a Andrea e determinou que os envolvidos na negociação fossem informados de sua predileção. A manobra teria irritado os secretários.
Preocupados com uma crise, alckmistas sustentam que os subordinados "passaram por cima do governador".
O apoio de Alckmin a Matarazzo era visto como um gesto ao grupo de Serra, que estuda deixar o PSDB. Ontem, FHC, chamou o episódio de "lamentável". "Havia acordo. Conversei com o governador e ele disse que estava satisfeito, que seria uma divisão de todas as forças."
Matarazzo, que havia eximido Alckmin de responsabilidade, disse ontem que ele "não interferiu nem por um nem por outro" e insinuou a possibilidade de deixar o PSDB. "É desagradável querer ser sócio de um clube que não te aceita ou te hostiliza."
Questionado, Alckmin não falou. O secretário da Casa Civil, Edson Aparecido, afirmou que "para o governador, era natural a candidatura do Andrea, para que a bancada de vereadores fosse prestigiada". Aníbal, principal articulador do nome de Flávio, disse que a eleição foi definida pela "militância". "Há uma mobilização muito forte nas bases do partido".