Integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representantes do setor privado acreditam que as novas sobretaxas anunciadas pelos Estados Unidos sobre as importações — sendo a do Brasil a mais alta, de 50% — devem realmente passar a valer a partir de 1º de agosto, como previsto pela Casa Branca. A possibilidade de os EUA adiarem a medida para negociar acordos bilaterais tem perdido força, a apenas nove dias da data estipulada para sua implementação.
ENVIO DE MISSÃO AOS EUA
O governo brasileiro avalia enviar uma missão oficial a Washington para tentar destravar as negociações, mas ainda não há decisão. Pesam na análise o tratamento dado pelo presidente Donald Trump e a visita de senadores brasileiros aos EUA entre 29 e 31 de julho. Negociadores afirmam que há contatos informais em andamento, mas o Brasil ainda aguarda resposta a uma carta enviada em 16 de maio solicitando a abertura de negociações com base em uma lista de produtos.
Para que o diálogo avance e se discutam possíveis exceções à sobretaxa de 50%, a gestão Trump precisaria indicar quais produtos dos EUA gostaria de exportar em maior volume ao Brasil e quais itens brasileiros teria interesse em importar sem a tarifa extra. Na semana passada, o Itamaraty voltou a cobrar uma resposta do governo americano.
Enquanto não há uma definição, a estratégia conjunta do governo e do setor privado segue em duas frentes: de um lado, os negociadores brasileiros buscam insistentemente um acordo direto com os EUA; de outro, considerado essencial, empresas americanas com investimentos no Brasil ou que dependem de produtos brasileiros são incentivadas a pressionar o governo em Washington. Essa abordagem já foi adotada por países como União Europeia, Canadá e México.