O governo do Estado de São Paulo, comandado por Geraldo Alckmin (PSDB), deu um "calote" de R$ 332 milhões no Metrô, relacionado a uma recomposição tarifária.
A informação está no balanço de 2015 da empresa, que no demonstrativo do ano anterior já indicava o atraso do pagamento, e registrava uma provisão para perda com o que na época parecia uma "pedalada".
Em vez do pagamento dos R$ 332 milhões, o governo e o comando da estatal controlada pelo mesmo governo firmaram um "Termo de Acordo", no dia 30 de outubro de 2015.
No documento, o Metrô reconheceu que não vai receber os valores, que foram baixados para prejuízo.
O mesmo acordo, contudo, atestava que compromissos da mesma natureza passariam a ser pagos pelo governo do Estado, "naquilo que afetar a sustentabilidade econômico-financeira" do Metrô -- sem prazo ou cronograma para pagamento.
No final de 2015, além do valor baixado para prejuízo, a estatal indicava mais R$ 136 milhões a receber do governo de São Paulo, relacionados ao "convênio Linha 4 - Amarela", sem citar a existência de atraso ou provisão.
"Em conformidade com a Cláusula Primeira - Das Adequações Contábeis do referido Termo de Acordo, foi reconhecido como perda da Companhia o montante de R$ 332 milhões", diziam as notas explicativas.
Questionada sobre qual seria o benefício de firmar tal acordo, a estatal respondeu que "não há prejuízo ao usuário do Metrô tampouco na qualidade dos serviços oferecidos". O Metrô teve prejuízo operacional entre 2009 e 2015.
De acordo com a reportagem do Valor, quando abriu mão de receber os R$ 332 milhões do controlador em 2015, o Metrô investiu R$ 264 milhões em manutenção, metade dos R$ 524 milhões investidos no ano anterior.