Desde a saída do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) do cargo, governadores eleitos com o seu apoio têm optado por uma abordagem mais colaborativa em relação aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Colocando de lado as disputas ideológicas, líderes como Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Romeu Zema (Minas Gerais) têm buscado uma aproximação com a Corte para tratar de questões de interesse regional, o que tem causado desconforto entre a base bolsonarista.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, recentemente se reuniu com os ministros Luís Roberto Barroso, presidente do STF, e Dias Toffoli para discutir temas relacionados à segurança pública no estado e à situação financeira. Castro afirmou que pode recorrer ao Supremo caso as negociações com o Ministério da Fazenda sobre o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) não avancem, sendo Toffoli o relator do caso.
Outro exemplo de aproximação foi a presença do governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na posse de Barroso, evidenciando a proximidade com a Corte. Tarcísio tem buscado diálogo direto com alguns ministros, destacando-se como um dos bolsonaristas mais próximos do STF.
Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, também tem ajustado seu tom em relação ao STF no segundo mandato, buscando estreitar laços com os ministros. A articulação com o Judiciário é conduzida principalmente pelo seu chefe da Casa Civil, Marcelo Aro, que tem uma relação próxima com alguns ministros, como Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Nunes Marques.
Desconforto à bolha bolsonarista
Essa estratégia de aproximação tem sido notável em diversas pautas, incluindo a defesa da constitucionalidade da lei estadual que facilita a venda de terras devolutas em São Paulo. Contudo, essa abordagem tem gerado desconforto entre a base bolsonarista, que critica os elogios públicos dos governadores à Corte.
Enquanto alguns líderes, como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, buscam uma relação mais construtiva com o STF, casos como o de Jorginho Mello, de Santa Catarina, demonstram a persistência da tensão entre o bolsonarismo e o Judiciário. Em março de 2022, Jorginho Mello chegou a chamar o ministro Alexandre de Moraes de "ditador-mor da República".
Para mais informações, acesse MeioNorte.com