A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), tornou-se advogada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após procuração apresentada pela defesa do petista na quinta-feira (2).
Com isso, na reta final das negociações de alianças eleitorais, Gleisi terá acesso facilitado a Lula. Até o momento, ela conseguiu se reunir com o ex-presidente apenas dentro do horário permitido para amigos -- sempre às quintas-f.eiras.
A inclusão de Gleisi na defesa de Lula repete o expediente adotado com o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, coordenador do programa de governo petista, para obter acesso mais fácil ao ex-presidente.
Gleisi e Haddad inclusive seguiram juntos para visitar Lula na tarde desta sexta-feira (3), após reunião de lideranças do PT em São Paulo para a apresentação do programa de governo da legenda para as eleições presidenciais.
Em tese, a condenação em segunda instância no caso do tríplex, da Operação Lava Jato, deixa Lula inelegível pelos critérios da Lei da Ficha Limpa. Mesmo assim, o PT afirma que vai registrá-lo como candidato a presidente. A legalidade da candidatura depende de uma análise da Justiça Eleitoral.
Uma das principais questões pendentes é a definição do vice na chapa encabeçada pelo ex-presidente. Na quarta-feira (1º) Gleisi disse a jornalistas em Curitiba que o PT deixaria a decisão para a véspera do fim do prazo do registro de candidaturas. No entanto, a lei eleitoral diz que todos os candidatos devem ser escolhidos até o dia 5 de agosto, e a ata com a escolha deve ser publicada em até 24 horas.-- ou seja, pode ser publicada até o dia 6.
Algumas horas depois da fala da senadora, a Folha de S.Paulo noticiou que, por causa do prazo previsto na lei e para não confrontar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a cúpula do PT avalia indicar um nome provisório como vice.
Gleisi também disse que o PT quer continuar conversando com o PCdoB, da candidata Manoela D'Ávila, e até mesmo com o PDT, de Ciro Gomes -- que fez duras críticas ao PT após o acordo petista com o PSB, em pacto que isolou Ciro no campo da centro-esquerda.
Mesmo preso há quase quatro meses, Lula continua com sua atividade política, e Gleisi e Haddad têm sido seus principais emissários. O ex-presidente não só se mantém no comando do PT, como articulou as ações que levaram ao isolamento de Ciro.
Presidente do PT desde junho do ano passado, a senadora foi escolhida pelo próprio Lula como sua porta-voz horas antes de sua prisão, no começo de abril.
Mesmo preso e potencialmente inelegível, Lula lidera as pesquisas de intenção em voto nos cenários em que seu nome é apresentado aos entrevistados. Sem Lula, o líder é o deputado federal Jair Bolsonaro, candidato do PSL.