Eles acompanham investigados, presos ou suspeitos de fraudes milionárias no país, mas, de vez em quando, agentes da Polícia Federal "roubam a cena" ao aparecer em fotos de operações deflagradas pela instituição.
Depois do surgimento de personagens como o "japonês da Federal" e o "hipster da Federal", nesta terça-feira, durante a ação para conduzir à sede da PF o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, quem chamou atenção foram duas novas figuras: os "gêmeos da Federal".
Oficialmente, a PF não informa se os dois são, de fato, gêmeos porque a instituição não fornece dados pessoais sobre seus agentes. Mas outros policiais do órgão confirmaram o que fica claro nas fotos dos policiais perto do deputado estadual no Aeroporto Santos Dumont.
Traços do rosto, porte físico, corte e cor de cabelo, barba, altura e até os óculos escuros são praticamente iguais.Os irmãos estavam entre os agentes selecionados para conduzir Picciani à sede da PF, onde o presidente da Alerj deve prestar depoimento. O parlamentar também pode ser preso, se a Justiça colher um pedido de procuradores.
Picciani é um dos alvos da operação Cadeia Velha, deflagrada nesta terça-feira pela Procuradoria Regional da República da 2ª Região (PRR-2) em parceria com a PF.
Deputados estaduais, empresários e intermediários são acusados de manter uma caixinha de propina destinada à compra de decisões na Alerj para o setor de transportes. O esquema, concluíram os investigadores, teria começado nos anos 1990.
OUTROS CASOS
Primeiro dos agentes a chamar a atenção ao fundo dos registros de prisões e conduções da PF, o "japonês da Federal" ficou conhecido pelo apelido por participar do cumprimento de mandados de busca e apreensão da Operação Lava-Jato.
Sempre aparecia em fotos ao lado de presos e logo se tornou símbolo da ação policial contra a corrupção. Uma marchinha de carnaval chegou a ser composta em homenagem ao agente.
Máscaras com seu rosto foram distribuídas em manifestação a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Em junho do ano passado, o agente Newton Ishii foi preso em uma investigação criminal sobre o contrabando na fronteira do Brasil em Foz do Iguaçu, desbaratada na Operação Sucuri em 2003. Ishii respondia ainda a outros dois outros processos — administrativo e civil — derivados da operação.
Outro policial bonitão também se destacou na operação montada para o depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sergio Moro em Curitiba, em maio deste ano. Jorge Chastallo, do Grupo de Pronta Intervenção da Polícia Federal (GPI), é descrito por colegas da PF como um "cara tranquilo, gente finíssima e bem operacional".
Ele é discreto, avesso a fotos e não gosta de aparecer, também segundo os colegas. Muito parecido com o apresentador e modelo Rodrigo Hilbert, o agente chamou atenção quando escoltava o ex-presidente em frente ao prédio da Justiça Federal, onde aconteceu o interrogatório.
Não é a primeira vez que a investigação acaba por dividir espaço com os agentes legitimados a desenvolvê-la. O policial federal Lucas Soares Dantas Valença ganhou fama após a divulgação das imagens em que aparece participando da escolta do deputado cassado Eduardo Cunha, preso em outubro de 2016.
Barbudo e com um coque no alto da cabeça, conhecido como de "man bun". Nas redes sociais, passou a ser chamado de "Hipster da federal", "lenhador" e "policial gato". A fama repentina o levou a dar entrevistas em programas de televisão e também a ter fotos suas que mostram o corpo atlético do agente publicadas nos meios de comunicação.