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Foragido do PCC assumiu distribuidora enquanto cumpria semiaberto, diz investigação

Os documentos apreendidos revelam que 95% do dinheiro lavado retornava ao PCC, enquanto 5% era reinvestido em combustíveis adulterados e fraudes em bombas, multiplicando os ganhos.

Foragido do PCC assumiu distribuidora enquanto cumpria semiaberto | Foto: Reprodução
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A força-tarefa que investiga a atuação da facção PCC identificou mais um braço do grupo criminoso na lavagem de dinheiro por meio de postos e distribuidoras de combustíveis. No Paraná, os investigadores afirmam que Daniel Dias Lopes, preso anteriormente por tráfico, assumiu papel central no esquema enquanto cumpria pena em regime semiaberto.

O QUE SE SABE

De acordo com a apuração, Daniel se tornou procurador da distribuidora Duvale, em Jardinópolis (SP), em 2019. Um ano depois, declarou renda de R$ 12 mil mensais. Em 2023, o valor informado já ultrapassava R$ 2,8 milhões, o que, segundo a Polícia Federal, evidencia um crescimento patrimonial incompatível. Nesse período, ele passou a ostentar sinais de riqueza.

A investigação aponta que Daniel era sócio oculto da empresa, ao lado de Mohamad Hussein Mourad e Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como “Beto Louco”, suspeitos de comandar a cadeia criminosa ligada ao setor de combustíveis em São Paulo e no Paraná. Segundo o superintendente da PF no estado, Rivaldo Venâncio, a rede funcionava por meio de laranjas, mas a gestão era feita diretamente de Curitiba e São Paulo.

Os documentos apreendidos revelam que 95% do dinheiro lavado retornava ao PCC, enquanto 5% era reinvestido em combustíveis adulterados e fraudes em bombas, multiplicando os ganhos. Também foi identificado que Daniel utilizava o codinome “Sr. Obama” e ficava com cerca de 10% dos valores movimentados pela Duvale.

A esposa dele, Miriam Favero Lopes, aparece como sócia em empresas ligadas ao esquema. Ambos estão foragidos e constam na lista da Interpol.

Daniel havia sido preso em 2014, com uma tonelada de insumos usados no refino de cocaína, e condenado a nove anos de prisão. Ele cumpriu parte da pena em São Paulo e no Paraná.

Na semana passada, a Polícia Federal realizou uma megaoperação contra a rede de combustíveis, mas Daniel conseguiu fugir antes da chegada dos agentes.

Defesas

A defesa de Daniel Dias Lopes e Miriam Favero Lopes informou que o casal nega qualquer envolvimento com o tráfico de drogas. O advogado de Roberto Augusto, o “Beto Louco”, declarou que ele não integra organização criminosa. Já os representantes de Mohamad Hussein Mourad afirmaram que não há provas que liguem o cliente ao tráfico e que suas empresas atuam de forma legal. A reportagem não obteve resposta da Duvale.

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