Ex-presidentes da República elogiaram nesta quarta-feira (5) a criação da Comissão da Verdade, que investigará violações aos direitos humanos cometidos apurar as violações aos direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar.
Em um gesto político de reconciliação com o passado, a presidente Dilma Rousseff desceu a rampa do Palácio do Planalto ao lado dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso e José Sarney.
?Foi um passo estupendo que a sociedade deu na conquista da democracia. É importante lembrar que foi a única comissão da verdade no mundo surgida de baixo para cima. Foi uma coisa surgida de povo para povo?, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fernando Henrique Cardoso destacou que a Comissão da Verdade não é uma questão política ou de governo. ?Ela [Dilma] tratou essa questão como deve. É uma questão de Estado. Ela fez bem e reconheceu. Não é uma questão política, é uma questão de cidadania, de democracia. Com isso, ela motiva a comissão a agir pensando no Brasil.?
O ex-presidente Fernando Collor afirmou que ficou ?emocionado? com o discurso da presidente Dilma na cerimônia de instalação da comissão. ?É uma importância transcendental porque o Brasil se encontra consigo próprio no momento em que dá oportunidade para a verdade vir à tona.?
Durante a cerimônia, Dilma homenageou os ex-presidentes do período democrático. ?Celebramos hoje um ato de Estado, por isso muito me alegra estar acompanhada por todos os ex-presidentes que me antecederam nesses 28 benditos anos?, afirmou. Ela citou o ex-presidente já falecido Itamar Franco.
Com a instalação da comissão, os sete integrantes terão dois anos para apresentar um relatório com a narrativa e as conclusões sobre os crimes cometidos. Segundo Dilma, o grupo não tem por objetivo qualquer tipo de ?revanche?.
"Ao instalar a Comissão da Verdade, não nos move o revanchismo, o ódio ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que aconteceu", afirmou a presidente em discurso. "Nos move a necessidade imperiosa de conhecê-la [a verdade] em sua plenitude, sem ocultamento", declarou.