Haddad“ forma como Serra conduz sua campanha é lastimável”

Os ataques do petista, contudo, foram centrados no tucano.

Fernando Haddad | UOL
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O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, classificou de "lastimável" a forma como o adversário José Serra (PSDB) conduz sua campanha eleitoral e chamou de "esboço" o plano de governo do candidato do PRB, Celso Russomanno. As declarações foram feitas durante sabatina Folha/UOL nesta quinta-feira (13).

Os ataques do petista, contudo, foram centrados no tucano. De acordo com a última pesquisa Datafolha de intenção de voto, Serra (20%) e Haddad (17%) estão tecnicamente empatados em segundo lugar. Russomanno lidera com 32%. Durante a sabatina, Haddad atacou Serra mesmo em momentos em que o tucano não era citado.

Ao falar, por exemplo, sobre os problemas que enfrentou com o vazamento de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) quando era ministro da Educação, os quais classificou como "crime" e "sabotagem", Haddad aproveitou para citar o acidente que, em janeiro de 2007, abriu uma cratera nas obras da estação Pinheiros do metrô e matou sete pessoas.

"Se a cratera no metrô fosse sabotagem como foi com o Enem, eu não usaria isso [na campanha]." O acidente ocorreu dias após Serra assumir o governo do Estado.

Em outro momento, Haddad criticou a quebra de sigilo médico de um paciente que apareceu em seu programa eleitoral.

"Eu acho lastimável como ele [Serra] vem se comportando [na campanha]. Nós levamos o caso de um caminhoneiro que tinha catarata. Ele não tem limites na campanha", disse Haddad sobre o caso do paciente José Machado que, no programa eleitoral do petista, reclamou do sistema municipal de saúde e disse que estava aguardando há pelo menos dois anos para fazer uma cirurgia de catarata.

Segundo reportagem do jornal ?O Estado de S.Paulo?, a prefeitura negou que o paciente tivesse catarata e divulgou dados do prontuário de Machado para expor erro no programa eleitoral do petista. Segundo especialistas, a divulgação de dados médicos sem autorização do paciente configura quebra de sigilo.

"A prefeitura abre o sigilo médico do paciente, diz que ele não tem catarata. A prefeitura calunia o paciente. Quando você começa a fazer isso para prejudicar uma candidatura, mostra que não tem limites", completou Haddad. Reportagem de hoje do ?Estado de S.Paulo? afirma que exames oftalmológicos comprovaram que o caminhoneiro tem catarata.

Taxas na gestão Marta Suplicy

Questionado sobre a criação de taxas na gestão da petista Marta Suplicy (2001-2004), quando era chefe do gabinete da secretaria de finanças, Haddad voltou a cutucar Serra, desta vez de forma irônica.

"Eu não entendo o Serra quando ele critica esse período. Quem estava lá era um dos melhores amigos dele [o então secretário de Finanças João Sayad]. Mas é típico do Serra, ele não poupa nem o amigo."

?Ele [Serra] fala da taxa do lixo, mas ele criou uma muito pior [a inspeção veicular]. Vou acabar com essa taxa?, afirmou.

Ataques contra planos de governos dos adversários

Ao comentar o plano de governo dos adversários, Haddad voltou a dizer que é o único candidato que, até o momento, apresentou um plano de governo completo. Sobre Serra, Haddad citou o fato de o tucano exaltar a gestão do atual prefeito Gilberto Kassab (PSD). "O Serra está propondo a continuidade da atual gestão. É um contrassenso. Ele sabe que a população não aprova a atual gestão", disse.

Em seu horário eleitoral, Serra sempre cita a parceria com Kassab, quando este era seu vice-prefeito, quando deixou a prefeitura para se candidatar ao governo de São Paulo.

Quanto ao plano de Russomanno, Haddad o classificou como ?esboço?. "Eu vejo o esboço do plano de governo de Russomanno e não vejo uma visão de futuro, de conjunto. É um esboço, são linhas gerais. O prefeito tem que saber como enxerga a cidade dentro de dez, 15 anos. O esboço que ele apresentou não me revela uma cidade com mais qualidade de vida", afirmou.

Quem é Fernando Haddad

Filho de imigrante libanês, Haddad nasceu em São Paulo, tem 49 anos, é casado e pai de dois filhos. Formou-se na Faculdade de Direito da USP em 1985, mesma instituição onde fez mestrado em economia e doutorado em filosofia.

O petista, que disputa pela primeira vez um cargo eletivo, assumiu seu primeiro cargo político em 2001, quando foi indicado chefe do gabinete da secretaria de finanças da Prefeitura de São Paulo durante a gestão de Marta Suplicy.

Em 2003, tornou-se assessor especial do ministro do Planejamento, Guido Mantega. Em 2005, foi convidado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o ministério da Educação. À frente da pasta, enfrentou problemas com o vazamento de provas do Enem e liderou a expansão do programa Prouni.

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