O Palácio do Planalto está preocupado com o crescimento da extrema-direita nas eleições para o Parlamento da União Europeia e busca uma aproximação com o Centrão. O objetivo é diminuir o impacto político desse resultado no velho continente e formar uma frente ampla no Congresso.
O clima na Esplanada esfriou após a divulgação dos resultados parciais das eleições para o Parlamento da União Europeia (UE), nesta segunda-feira (10), que confirmaram uma guinada à direita na Casa, o braço legislativo do principal bloco econômico do mundo.
Os partidos de extrema-direita, liderados pela francesa Marine Le Pen e pela primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, ampliaram sua representação no Parlamento Europeu, passando de 16,7% para 18,1%. Esse avanço ocorreu em detrimento dos partidos ambientalistas. A maioria no parlamento continuará sendo composta por partidos de direita e centro-direita.
Segundo fontes do Executivo, o governo brasileiro considera que a principal tarefa política do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é efetivamente construir uma frente ampla para isolar o Bolsonarismo. No entanto, essa meta tem se mostrado difícil de alcançar na prática.
Além da eleição do Poder Legislativo mais conservador desde a redemocratização, a centralização das ações dos ministros em torno do presidente Lula e erros na própria articulação política do governo têm dificultado o processo, segundo especialistas.
DIFICULDADES PARA A FRENTE AMPLA
No Planalto, acredita-se que a eleição de Lula foi uma exceção em um cenário global mais favorável à direita. Aliados do presidente defendem fortalecer a frente ampla de partidos para isolar a extrema-direita, embora reconheçam a dificuldade dessa tarefa. A extrema-direita demonstra resiliência, especialmente pela habilidade com redes sociais, onde a esquerda ainda é mais analógica.
As eleições municipais complicam a formação de uma frente ampla, pois líderes do Congresso, como Pacheco e Lira, focam em eleger aliados em seus redutos conservadores, o que nem sempre alinha com o governo. Além disso, a autonomia do Congresso sobre as emendas parlamentares, com o orçamento impositivo, reduziu o poder de negociação do Palácio do Planalto.