Em transmissão ao vivo realizada no início da noite de segunda-feira, 27 de abril, o governador Wellington Dias (PT) discutiu com três ex-ministros da Saúde: Alexandre Padilha, José Gomes Temporão e Marcelo Castro, as estratégias de combate à Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus que já matou mais de 4 mil brasileiros.
Na ocasião, os ex-líderes da pasta destacaram que só é possível pensar em afrouxar as regras de isolamento, quando a curva de novos casos estiver caindo e pelo contrário, nas últimas semanas o movimento tem sido de forte alta. “Há a projeção que daqui a sete dias teremos o dobro de casos, a doença está em expansão, inclusive com evidências de que está saindo dos grandes centros para o interior. Definitivamente não é o momento de se discutir flexibilização, saída, claro que a economia é importante. Temos que pensar diferente, botar na agenda uma renda mensal universal para todos os brasileiros, repensar a vulnerabilidade do SUS do ponto de vista tecnológico”, disse Temporão.
Por sua vez, Padilha disse que é preciso criar a consciência de que só não houve um colapso até agora devido às medidas de isolamento, reforçando a necessidade de se permanecer em casa.
“Temos que ter uma consciência de que só não há um colapso total por conta das medidas que foram tomadas de distanciamento social até hoje, elas permitiram que tivesse uma redução na aceleração dos casos. Me preocupa muito porque muita gente que defende, tem várias condições de garantir o não contato com as demais pessoas, às vezes é o dono da loja, das grandes empresas. É muito fácil dizer que tem de isolar os idosos, sendo que grande parte da nossa população vive em um só cômodo, com idosos, crianças”, defendeu.
Marcelo Castro defendeu que é preciso seguir o exemplo dos países que melhor lidaram com a crise, como por exemplo, nações asiáticas, que possuem um índice de letalidade bem menor que a do Ocidente. “Dá para olhar perfeitamente para o mundo e ver o que uns países fizeram e tomar como lição tomando como base os países que se saíram melhor, podemos dizer que os países orientais estão dando um banho no resto do mundo. Enquanto aqui no Ocidente temos um índice de letalidade variando de 6% a 18%; nos países orientais em alguns países cai para até menos de 1%”, destacou.
Comissão pedirá explicações a Teich
Alexandre Padilha (PT), hoje deputado federal, integra a Comissão Especial sobre o coronavírus e indicou que pedirá explicações ao ministro Nelson Teich por não ter ainda se reunido com os secretários de Saúde, apesar dos pedidos já feitos pelos representantes estaduais.
“Vamos questionar o novo ministro porque ainda não recebeu os secretários de Saúde”, disse. Padilha destacou que o plano de reabertura das atividades econômicas têm que ser feito com cuidado e segurança, para evitar uma nova onda de contaminação. Ele disse que há uma pressão grande pela reabertura.
“Os países que estão discutindo a reabertura estão fazendo planos bastante cuidadosos. Não tem nenhuma região do Brasil que teve redução de casos confirmados e suspeitos, o que estamos vendo é um crescimento cada vez maior dos municípios com casos. Precisamos discutir isso com muita clareza, sei que há uma pressão muito grande do comércio por conta do dia das mães, acho que é hora de valorizar o amor da mãe de outra forma, porque o mais importante é tê-las vivas”, afirmou.
Piauí avança na abertura de novos leitos
Durante a transmissão ao vivo, o governador do Piauí citou as medidas que estão sendo tomadas no Estado, fazendo uma síntese da corrida contra o tempo para montar 1,1 mil leitos clínicos e 600 de UTI.
Dias sinalizou os avanços que o Estado já obteve, apesar das inúmeras dificuldades. “Temos uma integração para as barreiras, temos um acompanhamento no isolamento especial de pessoas que viera de outros Estados, temos uma rede integrada na saúde, planejamos 1100, estamos com 773, planejamos 600 de UTI e estamos na montagem para alcançar 311”, afirmou.
O governador ainda enalteceu a ciência do Piauí, destacando os estudos para desenvolvimentos de EPIs e de respiradores. “Um grupo de cientistas de Parnaíba conseguiram com a Anvisa um modelo de máscara para médicos que se torna mais barata. E agora apresentaram hoje para a Sociedade Brasileira de várias áreas da medicina um respirador que desenvolveram, que vai custar cerca de R$ 6 mil, tem esta parte de testes que estamos fazendo uma pesquisa, para verificar o nível de contaminação. A ideia é fazer semana para termos uma nossa do nível de contaminação, aqui quero que o coronavírus perca, que esteja mal nas pesquisas”, afirmou.